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Setembro Amarelo: Quando a dor de um relacionamento tóxico leva ao silêncio

Entrevista e texto: Natália Tiezzi

Relacionamentos tóxicos e suicídio. Para alguns parece algo sem nenhuma relação; para outros uma realidade inconcebível, mas o fato é que ambos acontecem e, muitas vezes, próximos de nós.

Infelizmente não é incomum sabermos de histórias, principalmente de mulheres, que vivem, sobrevivem a esse tipo de relação, e até aquelas que chegam ao ponto de tirarem a própria vida, talvez em um ato de desespero para se libertarem daquilo que só elas sabem, convivem, sentem, quase sempre balizadas na dor, no desprezo, na mentira, na violência (física e psicológica) entre tantas outras situações e sentimentos.

Para falar sobre esse assunto, sempre muito delicado, mas de necessária abordagem, o site e jornal online Minha São José traz algumas considerações da psicóloga Ana Amélia Junqueira Capuano, que, inclusive podem auxiliar mulheres que estiverem passando por essa situação nas relações.

A matéria também é em alusão à Campanha Setembro Amarelo, marcada pela prevenção ao suicídio, tema que precisa ser falado com clareza e empatia, sempre, principalmente com relação às vidas femininas.

“Entre as muitas histórias que levam uma pessoa a pensar em tirar a própria vida, está a da mulher que vive em um relacionamento tóxico, marcado por traições, manipulações, violências emocionais e traumas constantes. Isso, infelizmente, é uma realidade dolorosa para muitas”, observou a psicóloga.

“O suicídio nunca é a solução. Há sempre um caminho de cuidado e reconstrução e a terapia é um deles”, disse Ana Amélia

E suicídio não é covardia: “Nessas situações, a dor emocional pode ser tão intensa que a pessoa passa a acreditar que não existe saída. O sentimento de solidão, desvalorização e desesperança toma conta, como se jamais fosse possível se reerguer. O silêncio se instala, e a ideia de que a dor nunca passará abre espaço para pensamentos autodestrutivos”, afirmou.

Entretanto, há caminhos para auxílios e um deles é a terapia. “Nesse cenário, onde por vezes a mulher não vê saída, é que o papel do psicólogo se torna essencial. O processo terapêutico ajuda a ressignificar a dor, fortalecer a autoestima e reconstruir a percepção de si mesma, mostrando que é possível retomar o controle da própria vida. A psicoterapia oferece um espaço seguro, de acolhimento e escuta, onde a mulher encontra apoio para compreender seus sentimentos, desenvolver estratégias para enfrentar as dificuldades e, principalmente, perceber que não está sozinha”, ressaltou.

Ana Amélia também chamou a atenção para outra situação que, em alguns casos, ainda inibe a mulher à busca de ajuda: acreditar que está sendo fraca ao recorrer a este auxílio ou que vai conseguir ‘resolver tudo sozinha’. “Buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem. Toda dor, por mais intensa que pareça, pode ser transformada quando existe apoio psicológico, médico, familiar e social. O suicídio nunca é a solução. Há sempre um caminho de cuidado e reconstrução”.

A psicóloga reforçou a mensagem que embasa a Setembro Amarelo deste ano. “Ela é clara: ‘falar pode salvar vidas’. Se você, ou alguém que você conhece enfrenta esse tipo de sofrimento, procure ajuda. O CVV – Centro de Valorização da Vida – oferece escuta gratuita pelo número 188.

A todas as mulheres que estão enfrentando relacionamentos tóxicos ou passaram por situações de desespero ou descontrole emocional, como uma traição, por exemplo, Ana Amélia deixou uma mensagem. “Nenhuma dor é eterna quando existe acolhimento, e viver é sempre a melhor escolha”.

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