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“Não é só apertar um botão”: Débora Bernardi conta um pouco da profissão de Técnica em Radiologia

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Na entrevista ao www.minhasaojose.com.br, Débora destacou a rotina de trabalho, muitas vezes em três turnos, e o apoio essencial da família à profissão

Entrevista e texto: Natália Tiezzi Manetta

Uma profissão que, via de regra, notamos apenas quando ocorre uma dor, um trauma, ou seja, em momentos em que necessitamos de um diagnóstico para ameniza-los ou curá-los.

Mas, para que os diagnósticos sejam precisos, você sabia que há profissionais que atuam nas rotinas de preparação e condução de métodos diagnósticos por imagem?

Nossa matéria especial deste sábado traz um pouco da rotina, por vezes muito complexa, de uma Técnica em Radiologia, Débora Bernardi da Silva, que contou a paixão por este trabalho o qual ela mesma observou que ‘vai muito além de apertar um botão’, referindo-se ao funcionamento de equipamentos à obtenção de imagens radiológicas.

Além da operacionalização, que requer aprendizados constantes, já que os equipamentos em radiologia estão sempre se atualizando, Débora também é responsável pelo posicionamento dos pacientes que farão os exames por imagem – uma tarefa que exige conhecimento, mas também atenção, carinho e empatia, características evidentes na técnica em radiologia.

Durante a entrevista, ela também ressaltou a importância do apoio da família, principalmente do marido, já que seus horários de trabalho incluem muitos plantões e locais diferentes, alguns fora de São José do Rio Pardo, sendo a ajuda dele essencial, inclusive para cuidar das duas filhas do casal enquanto Débora está trabalhando.

Aliás, o sentimento materno faz com que a técnica em radiologia use este amor junto a seus pacientes mirins, que vez por outra visitam a área da radiologia.

Convidamos você, leitor e internauta, para conhecer um pouco mais sobre essa profissão através do olhar de nossa entrevistada mais que especial. Confiram, abaixo, a entrevista na íntegra.

Mesmo por baixo da máscara é notável o sorriso de Débora em mais um dia de trabalho: “Sou muito grata por tudo, pois com essa profissão exploro minha curiosidade e capacidade de aprendizado todo santo dia”, disse

Natália Tiezzi: Débora, em que instituição você estudou e por que optou pela carreira de Técnica em Radiologia?

Débora Bernardi da Silva: Estudei na Fundação Educacional de São José do Rio Pardo e conclui o curso Técnico em Radiologia em 2018. Na verdade, eu gosto de dizer que a radiologia me escolheu! Nestes anos exercendo a profissão é assim que me sinto: sou muito grata por tudo, pois com essa profissão exploro minha curiosidade e capacidade de aprendizado todo santo dia.

E como é essa profissão?

Posso resumir que ela está longe de ser só “apertar um botão”. Ela requer, acima do conhecimento técnico, a empatia.

Conte um pouco sobre sua rotina de trabalho. Atualmente você trabalha em quais locais?

É uma rotina agitada se for parar para analisar. Atualmente trabalho na Empresa CEMEDI, no plantão noturno (famosos ‘Plantões’). Permaneço até as 22h00 no local e após esse horário fico no ‘Plantão à Distância’ (Urgências e Emergências) até as 7h00 da manhã. Fiz e faço também alguns plantões diurnos aqui e também alguns fora de São José.

Como é trabalhar nestes três turnos – manhã, tarde e noite? Você tem preferência nos horários para o trabalho?

É bem cansativo de modo geral , pois mesmo ficando à distância a cabeça não desliga! Parece que fico esperando o celular tocar (risos). As vezes acordo assustada achando que o celular está tocando ou com barulho das ambulâncias do SAMU. Muitas vezes quando vejo que é um exame mais tranquilo ótimo… mas quando é acidente ou algo mais grave sempre fico apreensiva, tensa…. e isso faz com que me canse mais de certa forma, nem tanto pelo físico, mas pelo psicológico. Afinal é uma pessoa querida e amada por alguém que ali está: um pai, uma mãe ou até mesmo um filho. Não tenho preferência em relação a horários, mas claro que o diurno é mais fácil por muitos motivos, mas me adapto fácil a horários, digamos, mais ‘diferentes’ de trabalhar.

A longo destes anos, algum atendimento já marcou sua vida?

Sinceramente? Impossível descrever apenas um… Tiveram vários que por algum motivo me marcaram, desde traumas (acidentes graves) a resultados de diagnósticos. Me lembro de todos graves acidentes que atendi, de cada um deles. Vou citar um que me recordo e que realmente foi marcante para mim. Foi em um sábado, agosto de 2022, quando ocorreu um acidente com várias vítimas envolvidas, muitos pacientes graves, muitas fraturas, onde alguns infelizmente perderam suas vidas. Uma cena triste: muitas macas, sangue, corre-corre e tensão de todos os lados…

Débora, o que é ser um bom técnico em radiologia?

Acredito que o bom relacionamento e a boa comunicação tem que também estar presente nesta profissão, principalmente para conseguirmos passar tranquilidade ao paciente e assim realizar o exame. A empatia é fundamental, mas também vale lembrar da importância no processo do diagnóstico por imagem: nosso trabalho envolve várias etapas e responsabilidades para garantir a obtenção de imagens precisas e de qualidade, e ao mesmo tempo priorizar a segurança e o conforto do paciente.

No registro, Débora com uma de suas pacientes mirins: “até certificados de coragem já emiti às crianças como forma de encorajá-las e agradecê-las pela confiança em meu trabalho”, observou

Nesta rotina agitada, você conta com apoio de alguém, já que você também é mãe?

Meu esposo é meu total apoio, ele é meu alicerce não só pela ajuda que me dá com as nossas Filhas, mas como marido, amigo! Ele sempre me encoraja, me motiva para continuar… na verdade ele acredita mais em mim que eu mesma (risos)! Aguenta meus picos de stress com calma e serenidade, e sempre me acalma dizendo ‘amanhã é outro dia’. E assim vivemos um dia de cada vez!

Quais os pacientes que, digamos, te dão mais ‘trabalho’?

Trabalho? Não… Vou mudar essa pergunta para: Quais pacientes mexem mais com você na hora de realizar um exame? E a resposta certamente é: crianças! O coração de mãe grita, não é mesmo? Me envolvo, sofro, muitas vezes choro junto com a mãe, vou visitar depois, me apego mesmo viu! Realizo meu trabalho com todo amor e carinho do mundo, passo tranquilidade, converso, me torno amiga, ganho a confiança o coraçãozinho deles e tudo fica bem!

Quais são suas pretensões para o futuro nesta carreira?

Continuar! Se Deus quiser, me permitir e se da vontade Dele for. 

Para finalizar, quem é a Débora? Como você se definiria como profissional?

A Débora é uma mulher, mãe, esposa e profissional, guerreira, que luta, que não fica de braços cruzados esperando acontecer, que corre atrás mesmo se for preciso mudar as rotas, voltar para trás, recomeçar, com medo, sem medo, na alegria ou na tristeza! Que tem sonhos e objetivos para realizar e alcançar na vida pessoal e também profissional. Que acredita que tudo na vida tem um porquê, que acredita nos planos de Deus , nas voltas que o mundo dá! Que acredita que Deus é nosso refúgio e fortaleza. Que acredita também que devemos sempre quebrar as barreiras do dia a dia para atingir nosso sucesso, mesmo sabendo que não é uma tarefa fácil. Mas todo mundo sabe que deixar as coisas para depois não é bom. Que a realidade é essa: A vida não espera; que o primeiro passo é sempre o mais difícil, mas justamente o mais importante. Que o único lugar onde sucesso vem antes do trabalho é no dicionário. O raciocínio é tão simples, não é? É o que os mais velhos costumam dizer: nada vem de graça. O importante é fazer acontecer. Seguir em frente e viver um dia de cada vez é o objetivo! E como profissional, ah, posso falar? Tenho orgulho demais de mim! Superei tanta coisa e tudo me fortaleceu. Me fez crescer e ver a vida de um outro jeito. Superei todos os meus medos, aprendi e aprendo muito todo dia. Cada paciente/pessoa que por mim passa me ensina algo, tanto profissional, quanto para vida. Por isso digo e repito: aprendo todo santo dia! E não é só em relação aos pacientes não, mas com o ser humano em geral: bem e mal…

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