CIDADE

“O trabalho voluntário é minha vida e me ajudou a abrir muitas portas”

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Frase é de Ana Amélia Junqueira Capuano, psicóloga há 15 anos, que contou um pouco de suas vivências à reportagem

Muitas vezes o trabalho voluntário, além de uma grande fonte de experiência, também é o caminho para se abrir muitas portas na vida profissional. Assim aconteceu com Ana Amélia Junqueira Capuano, psicóloga há 15 anos, e que já foi e é voluntária em alguns projetos na cidade, a exemplo do Renascer.

Em entrevista ao www.minhasaojose.com.br, ela contou sobre a satisfação do trabalho voluntário, as oportunidades que teve a partir dele, bem como os novos projetos para este ano, já que faz parte da equipe multidisciplinar da Clínica Todo Bem, sendo que um deles será o das Terapias em Grupo.

Ana Amélia disse que sempre se identificou com a área da Saúde e pelas questões humanitárias. E para fazer a faculdade de Psicologia, carreira que optou, não foi fácil, já que ela ficou grávida assim que terminou o 3º ano do Ensino Médio.

“Eu não queria parar de estudar. Meu sonho era a Pediatria, mas, com uma filha pequena não podia ir embora de São José para cursar Medicina. Estava em busca de um curso em que pudesse conciliar os estudos com a criação dela. E em 2001 abriu o curso de Psicologia aqui na UNIP Rio Pardo. Não tive dúvidas: prestei o vestibular e passei”, explicou.

E foram cinco anos de muita dedicação. “Estudava com minha filha do lado. Pude contar com o auxílio de minha família, que sempre me incentivou aos estudos. Mas meu maior incentivo, minha maior força veio da minha filha. Eu devo minha formação à ela”, afirmou, emocionada.

VOLUNTARIADO: SATISFAÇÃO E CONHECIMENTO

Após concluir o curso, em 2006, Ana Amélia iniciou seu trabalho junto a um dos maiores oncologistas da cidade, o Dr. Ray Alves. “Tive a oportunidade de receber pacientes diagnosticadas com câncer de mama para a 1ª consulta com o psicólogo. Aprendi muito com cada uma delas, principalmente a ser forte num momento tão difícil. Esse 1º trabalho ajudou-me a aflorar a humanização, o acolhimento”, destacou a psicóloga.

Com a experiência adquirida na área oncológica, Ana Amélia procurou o setor de Oncologia municipal para tentar desenvolver alguns trabalhos. E foi aí que o voluntariado entrou em sua vida profissional. “Procurei a Márcia Moreno, que era a coordenadora à época, e expliquei que gostaria de ter uma experiência profissional naquele setor. Permaneci 3 anos como voluntária e depois fui efetivada como psicóloga. Foi a primeira vez que promovi trabalhos em grupo, pois a demanda era grande. Tive grupos de hormonioterapia (mulheres), próstata, pacientes ostomizados. Foi mais uma época de muito conhecimento adquirido, onde aprendi a dar valor às coisas simples da vida. Confesso que é uma área difícil de trabalhar, mas acredito que ter iniciado como voluntária fez toda a diferença. Fui crescendo aos poucos, num aprendizado diário. É por isso que eu digo que o trabalho voluntário me ajudou a novas oportunidades”.

Além do convívio com os pacientes, Ana Amélia também conheceu o lado humano da população rio-pardense. “Sempre comemoramos datas especiais e a comunidade nos ajudava muito. Isso me surpreendeu. Notei que o rio-pardense é, de fato, muito solidário”.

Em 2018, Ana Amélia foi mamãe novamente e afastada da Oncologia Municipal. Após breve período passou a dedicar-se apenas aos atendimentos clínicos. “Esse afastamento foi um baque em minha vida, pois eu não esperava. Entretanto, em 2019, graças a Deus tive a oportunidade de voltar trabalhar com grupos e ao voluntariado”, contou.

No ano passado, Ana Amélia encarou um novo desafio: trabalhar com adolescentes na Guarda Mirim por meio do Projeto NovaMente. “Descobri uma nova paixão! Trabalhar com grupos de adolescentes foi uma grata surpresa.O mais interessante é que conseguimos estabelecer vínculos com eles. O carinho desses jovens comigo é muito gratificante”, observou.

Concomitante ao trabalho na Guarda Mirim, que é remunerado, Ana Amélia foi convidada a ser voluntária no Projeto Renascer. “No Renascer não trabalho na área da Psicologia. Assumi a coordenação e estou muito feliz e satisfeita de voltar ao voluntariado através de uma entidade tão querida e respeitada. O maior objetivo de nossa equipe é melhorar o atendimento a pacientes com todos os tipos de câncer, não apenas o de mama, bem como mostrar a importância do Renascer à sociedade, pois muita gente ainda não o conhece. Acredito que estou agregando à equipe, principalmente porque tenho vivência em voluntariado e, claro, posso colocar em prática a humanização, o acolhimento, práticas que também aprendi sendo voluntária”.

TERAPIAS EM GRUPO: ELAS FUNCIONAM E SÃO MAIS ACESSÍVEIS

Concomitante ao voluntariado no Projeto Renascer, Ana Amélia compõe a equipe multidisciplinar de profissionais na Clínica Todo Bem. Além dos atendimentos individuais voltados a crianças, adolescentes, adultos, Melhor Idade, terapia de casais, pacientes oncológicos e ostomizados, a psicóloga vai promover as chamadas Terapias em Grupos, que pretendem envolver diversas pessoas que buscam auxílio psicológico. “A Psicologia Grupal é mais acessível e realmente funciona. O objetivo é atender a uma demanda crescente de grupos onde boa parte das pessoas não poderia passar por um atendimento individualizado”, informou.

O primeiro grupo, que será voltado às mães, iniciará a terapia em março, num total de 10 encontros, durante 10 semanas, com cerca de 50 minutos cada. “Os encontros acontecerão aqui mesmo na Todo Bem, em um espaço voltado para essas terapias. Queremos trocar experiências e vivências com as mamães e alerta-las que a saúde mental de uma mãe é tão ou mais importante que a do próprio filho. O que vemos muito hoje em dia são elas levarem os filhos ao psicólogo, entretanto, esquecem de sua própria saúde mental, que se não estiver equilibrada pode interferir negativamente na do filho”, alertou.

Ana Amélia disse que a Terapia em Grupo, além de uma forma de tratamento, é um momento para que as mães possam relaxar. “Antes de ser mãe a mulher é um ser humano e precisa se cuidar e permitir-se ser cuidada. É isso que queremos proporciona-las aqui: um momento só para elas, de relaxamento, de troca de experiência e, claro, de terapia. Os encontros serão promovidos à noite, num horário em que as mamães possam participar. Interessadas poderão entrar em contato pelo whatsapp 99347-6232 para mais informações e valores”.

Ela finalizou dizendo que muito mais que ajudar as pessoas, o trabalho voluntário na psicologia a ajudou na própria vida pessoal. “Sou o que sou hoje, tanto profissionalmente, quanto pessoalmente falando pelo voluntariado. Costumo citar sempre essa reflexão de Carl Jung que define bem a minha vida e meu trabalho: “Conheça todas as teorias. Domine todas as técnicas. Mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”, concluiu, emocionada (“mas um choro de muita alegria”), como definiu.

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