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Íris: o sonho da maternidade após quase uma década

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Querido amigo ou amiga que está lendo isso agora: Você tem algum sonho para o novo ano que se inicia nesta noite? Se a sua resposta for sim, convidamos para continuar apreciando essa linda e emocionante história de um casal rio-pardense cujo sonho era ser mamãe e papai.

Um sonho até muito comum para recém-casados, mas que quase se tornou uma grande frustração para Brisa Maria Folchetti Darcie e Alessandro Darcie.

E hoje, quem vê a linda, sorridente e sapeca Íris nem imagina o quão difícil foi para ela vir ao mundo e alegrar ainda mais a vida de toda a família.

Foram nove anos de tentativas para que Brisa e Alessandro sentissem o doce sabor da maternidade, passando por inúmeros tratamentos, muitas vezes dolorosos e invasivos. E a cada aborto, resultado negativo ou incompatibilidade com a vida a vontade foi de desistir…

Porém, o amor, a persistência e a fé de ambos foi maior que o desânimo que abatia-os a cada tentativa frustrada.

Confiram, abaixo, a entrevista completa que o casal concedeu à jornalista Natália Tiezzi Manetta e… inspirem-se!

Minha São José: Quando surgiu a vontade de engravidar?

Brisa: Desde antes de casarmos já conversávamos sobre filhos. Sempre desejamos ser pais. Porém, jamais imaginávamos que enfrentaríamos tantos obstáculos.

Quanto tempo vocês tentaram naturalmente e quando descobriram que tinham algum problema?

Tentamos naturalmente por 2 anos. Em 2010, em um exame de Papanicolau de rotina, apareceu NIC3, que seria sugestivo para pré-câncer. Passei por uma cirurgia e após fomos descobrindo cada vez mais problemas: endometriose em grau profundo (com focos na bexiga, intestino, ovários). Passei por mais duas cirurgias para limpeza. Além disso tinha tendência a desenvolver trombofilia, ovários policísticos e o Alessandro tinha baixa mobilidade de espermatozoides, ou seja, eram poucas as chances da gravidez acontecer e se acontecesse sabíamos que poderíamos enfrentar demais problemas durante a gestação.

Diante desses problemas, o que vocês pensaram em fazer para poder ter filhos?

No início pensamos em inseminação artificial. Depois descobrimos que nosso caso era mais sério e precisava ser realizada fertilização in vitro.

Quais foram os tratamentos que foram submetidos e quanto tempo isso durou?

As tentativas duraram nove anos. Fizemos 6 fertilizações, 10 transferências de embriões congelados, tivemos três abortos e depois descobrimos que quando eu engravidava meus bebês eram incompatíveis com a vida, pois tinham inúmeras alterações genéticas. Com essa informação sabíamos que teríamos que levar os embriões (com apenas 5 dias de vida), para serem estudados e apenas os normais poderiam ser transferidos para o útero.

Quando vocês optaram pela adoção?

Depois do segundo aborto e da notícia de que todos os embriões que havíamos encaminhado para estudo tinham sido classificados como inviáveis. O tratamento é caríssimo e já havíamos investido praticamente o valor de um carro para apenas essa quinta fertilização, sendo que não pudemos nem tentar transferir nenhum embrião. Neste momento decidimos que seríamos pais pelo coração, excluindo a gestação.

Quanto tempo depois por optarem pela adoção você engravidou?

Quando já estávamos habilitados na adoção, Alessandro e eu ainda desejávamos, em nosso íntimo, pela gestação. Até que descobrimos a opção de embriões doados (seriam aqueles embriões vindos de casais que já eram pais e “doavam” os excedentes para que outros casais inférteis realizassem seus sonhos). Chegamos à conclusão que se estávamos aceitando um filho adotivo sem nossas características físicas e genéticas, também poderíamos aceitar gerar uma criança sem nossas características, e ainda passaríamos pela experiência de gestar. Começamos uma busca por várias clínicas que tinham esses embriões para doação, até que chegamos à Clínica Monteleone e o médico na época nos convenceu a realizar a sexta fertilização, dessa vez com ele, antes de partir definitivamente para a doação dos embriões.

E dessa vez deu certo?

Na primeira tentativa não. Os embriões, mais uma vez, apresentaram problemas genéticos. A partir daí passamos por outro tipo de tratamento, menos agressivo. Uma série de análises foram feitas nos demais embriões e descobrimos quatro deles sadios. E fomos para mais uma tentativa e dessa vez, com a graça de Deus, engravidei com um embrião saudável.

E como foi a gravidez? Tranquila?

Que nada! Em decorrência daquele pré-câncer que operei em 2010, retirei 25% do colo do útero. Então precisei realizar uma cerclagem no colo, (costurar), para que a gestação prosseguisse até o final. E para evitar qualquer intercorrência fiquei de repouso praticamente as 40 semanas. Eu trabalhava deitada e só me levantava para tomar banho e ir ao banheiro. Só saía de casa para fazer exames e consultas de pré-natal. Também tomei injeções diárias de Clexane, um medicamento para evitar a trombofilia. E neste momento o Alessandro foi essencial: ele assumiu totalmente a casa. Quantas vezes me deu até comida na boca…

E de onde veio a força e a coragem para sempre continuarem e não desistir desse sonho?

Confesso que pensei em desistir a cada resultado negativo, aborto ou problema descoberto, mas o Alessandro, mais uma vez, foi fundamental em todo este período. Ele me apoiou em tudo, teve muita paciência comigo, pois a maioria dos tratamentos foram com altas cargas hormonais, que mexiam com o meu emocional.

Além disso conheci inúmeras mulheres que também estavam passando por situações semelhantes para se tornarem mães. Até formamos uma comunidade, o “Busão da Fertilidade”. Em três anos, das 20 mulheres, restam apenas 3 para se tornarem mães.

Vocês são religiosos? Oraram muito por esse filho? Conte um pouquinho dessa fé.

Muitoooooo! O Alessandro fez intenção de ir semanalmente às missas e ele compareceu em todas, sozinho (porque eu estava em repouso). Consagramos nossa filha à Nossa Senhora Aparecida e fizemos o segundo batizado dela no Santuário de Aparecida. A oração nos dava forças para continuar e a fé nos dava a certeza de que tudo sairia bem.

Qual foi sua primeira reação ao ver a Íris?

Quando ouvi o chorinho da Íris na hora do nascimento parecia que eu estava flutuando sobre o centro cirúrgico e conseguia ver o que estava acontecendo. Foi algo sobrenatural. Eu só falava para o Alessandro: É real! Nós conseguimos! Somos pais!!!

E por que o nome Íris?

Justamente porque vem do arco-íris, que aparece depois das tempestades, dos tempos nublados. A Íris é a bonança após todo ‘tempo ruim’ que enfrentamos.

Vocês ainda pensam em adotar ou ter mais filhos através de uma gestação?

Sempre desejamos ter uma família grande. Ter mais um filho está nos planos sim. Continuamos na fila da adoção, mas sabemos como é demorado todo o processo. Se nosso telefone não tocar (ligação do fórum comunicando que nosso filho chegou), pensamos em realizar mais um tratamento sim, apesar de todos os riscos da gestação.

Brisa, após passar por tudo isso, você ainda ajuda mamães que desejam a maternidade e enfrentam problemas?

Sim e, na verdade, formamos uma espécie de família mesmo! Tenho meu instagram @mulhermoderna.agoramamae e lá conto toda a minha trajetória do antes, durante e depois da chegada da Íris. São trocas de experiências incríveis, que já ajudaram muitas mulheres. E eu fico muito feliz em dividir minha experiência e poder, de alguma forma, ajuda-las!

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