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Eliseu de Moraes: Rio-pardense reside na Lituânia e é Chefe de Cozinha em navio

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Ele também residiu mais de 15 anos em Portugal, onde estudou Gestão e Produção de Cozinha na Escola do Estoril

Entrevista e texto: Natália Tiezzi

Amigos internautas. A entrevista especial do “Cadê Você?” desta semana traz um pouco da história profissional do rio-pardense Eliseu de Moraes, que saiu de São José em 2005 para uma temporada de trabalho na Europa, residiu mais de 15 anos em Portugal e atualmente mora na Lituânia com a esposa, Jurga (lê-se Iurga) e a filha Rafaela.

Eliseu é Chef de cozinha em um navio da Viking River Cruise, uma empresa de cruzeiros fluviais, marítimos e de expedição, com sede operacional na Suíça. O navio em que o rio-pardense trabalha navega pelas águas dos rios Reno (Alemanha), Sena (França) e Danubio (Hungria).

Porém, antes de estudar Gestão e Produção de Cozinha na renomada Escola do Estoril, em Portugal, Eliseu graduou-se em Direito pela UNIFEOB de São João da Boa Vista e enquanto residiu em Rio Pardo cursou os Ensinos Fundamental e Médio nas escolas E.E. “Dr. João Gabriel Ribeiro” e E.E. “Euclides da Cunha”.

Na terra natal, Eliseu ficou conhecido por trabalhar em uma das sorveteiras mais tradicionais da cidade, a Ariofa. “Meu primeiro trabalho em São José foi na Ariofa. Era muito divertido, ótimos amigos, foi a primeira vez que tive noção do funcionamento de um estabelecimento comercial”, disse.

Muito ligado aos esportes, ele também fez muitos amigos jogando futebol e basquete, onde atuou por anos nas equipes do Rio Pardo Futebol Clube.

Ao longo da entrevista, Eliseu contou que lavou muita louça em restaurante e praticamente trabalhou em todas as áreas da cozinha de grandes restaurantes até chegar à posição de Chef e que teve a influência de sua família para seguir a área gastronômica.

Ele também destacou momentos marcantes da carreira, seus planos para o futuro e, claro, o prato brasileiro e o prato português que mais gosta de preparar.

Ao lado da mãe, dona Maria Augusta, uma de suas inspirações na gastronomia, e já com “a mão na massa”

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.

Eliseu, antes da gastronomia acontecer em sua vida, por que optou por cursar Direito? Você chegou a exercer a profissão?

Eliseu de Moraes: A escolha pelo curso de Direito foi meio aleatório, pois tinha amigos advogados e fui influenciado pela Dra. Ivone Junqueira, grande amiga, que dizia que os filhos dela podiam fazer qualquer curso, desde que Direito primeiro. Prestei vestibular e entrei na faculdade junto com o filho dela e grande amigo, Tatão Junqueira. Cheguei a exercer a profissão por aproximadamente 2 anos.

E o que o levou a estudar e trabalhar com a Gastronomia?

Minha família sempre foi muito  ligada à cozinha. Minha avó era uma cozinheira fantástica… minha mãe também aprendeu muitas coisas e eu, depois de trabalhar na Ariofa, fiquei maravilhado com aquilo tudo. Transformar produtos aparentemente simples em guloseimas e delícias!

Quando cheguei em Portugal, descobri a “restauração”.

Por falar em Portugal, quando e como surgiu a oportunidade de morar fora do Brasil?

A oportunidade de morar fora surgiu em 2005. Minha ideia inicial era fazer como os Porto-riquenhos e outros latinos: passar um verão trabalhando na Europa, principalmente Ibiza ou Mallorca, voltar com algum dinheiro e umas boas experiências! Acabei morando 13 anos em Oeiras (entre Lisboa e Cascais)e agora moro há 3 anos na Lituânia, país da minha esposa.

Quais foram seus trabalhos em Portugal e onde trabalha atualmente?

Em Portugal lavei louça por 30 dias num restaurante Italiano e estava decidido a voltar ao Brasil depois desses 30 dias porque não gostava do trabalho. Foi então que o Chef na época me ofereceu uma posição na equipe dele para fazer salada e sobremesa… era o que faltava: iria me apaixonar pelo trabalho em uma semana! Nesse restaurante passei por todos os postos de trabalho da cozinha: lavei louça, fiz salada, sobremesa,  ajudei o pizzaiolo no forno, virei o próprio pizzaiolo, trabalhei no passe (empratamento final para sair o prato), fui ajudante de cozinha. Só não fui o Head Chef (chefe de cozinha). Atualmente trabalho para a Viking River Cruise, na posição de Chef de Partie/Sous Chef.  Meu navio trabalha no rio Reno, Sena e Danubio, fazendo Amsterdam-Basel, Basel-Paris, Paris-Budapest, Budapest-Amsterdam.

Eliseu, o segundo agachado da esquerda para a direita, junto à equipe de trabalho, tendo ao fundo o navio onde trabalha, que, à época, fazia a travessia Bélgica-Inglaterra

E qual é o prato brasileiro e português que mais gosta de preparar?

Atualmente o prato brasileiro que mais faço é a feijoada. Aqui na Lituânia “adoram”. Já o prato portugues é o Bacalhau à Braz, com cebola, bacalhau, batata palha e 3 ovos, um bom azeite e finalizado com coentros! Fácil, simples e delicioso!

Eliseu, cite um momento especial de sua carreira na Gastronomia.

O momento mais especial na minha carreira acho que foi minha passagem pelo Vila Joya. Em 2015, era o melhor restaurante de Portugal, tinha 2 estrelas Michellin por 19 anos, número 22 do mundo, mudava o menu todos os dias! Vários Chefs internacionais passaram por ali (entre eles a nossa brasileiríssima Helena Rizzo, do restaurante Mani). Fui o único a ser aceito da Escola do Estoril (a melhor escola de hotelaria de Portugal). Eu estava no auge da gastronomia, trabalhava 15/16 horas por dia, fazia cozinha molecular, tradicional Portuguesa, clássicos internacionais, peixes, sobremesa, sorvete, tudo com padrão Michellin. Uma vez peguei uma nota de caviar vermelho, russo e quase cai de costas ao descobrir que pagaram 32 mil euros em caviar. Era tudo altíssimo nível. E eu consegui seguir trabalhando quase até o final da temporada (o restaurante fecha entre 30 de novembro e começo de março), não fiquei até o final porque minha esposa estava grávida em Lisboa e não podia deixa-la sozinha nesse momento, além de ser o ano do nascimento da minha filha Rafaela.

Eliseu, com a filha Rafaela, e em segundo plano, à esquerda, a esposa Jurga

O que é o melhor e o que é o pior nesta profissão?

O melhor dessa profissão (no meu caso hoje, claro!) é poder viajar e conhecer o mundo e ainda ser pago para isso, trabalhar com bons Chefs,  bons cozinheiros, experimentar diferentes culturas gastronômicas. O pior é a competitividade sem limites dos Chefs, que às vezes é incompreensível.  No final do meu curso na Escola do Estoril, por exemplo, como fui o único da escola a ser aceito no Vila Joya, muitos “AMIGOS” deixaram de falar comigo. Não me abalou em nada, hoje em dia sou ótimo em ler as pessoas, os Chefs conseguem ‘cheirar’ um mentiroso a quilômetros  e o meu trabalho é exatamente esse, gerenciar pessoas!

Qual é a sua mair saudade de Rio Pardo?

Não tenho uma maior saudades de São José… tenho várias… Primeiramente minha família, que vejo pessoalmente de dois em dois anos, apesar do WhatsApp da vida; os amigos que aí deixei, os treinos de basquete e os jogos de futebol no RPFC aos sábados à tarde; as festas de Réveillon nos clubes da cidade,  andar de bicicleta na pracinha da igreja dos Três Reis, ou fazer guerra de bixiguinha d’água com os amigos da rua… podia ficar aqui escrevendo uma tarde inteira!

Quais são seus planos para o futuro? São José está incluída neles ou Brasil é só a passeio mesmo?

Quanto aos planos para o futuro, pretendo ficar na Viking por mais uns 3 anos, depois voltar definitivo para a Lituânia e quem sabe começar um restaurante! Apesar da minha esposa dizer que temos que morar no Brasil todas as 3 vezes que ela esteve ai, não podemos fazer isso por agora. Aqui minha filha tem muito mais oportunidades que no Brasil, sem falar do risco Brasil (educação/segurança/saúde). Aqui não preciso me preocupar com isso. Então, por enquanto, Brasil só férias mesmo!

Em momento no Brasil, com a esposa e amigos no restaurante Porão 88
Eliseu e Jurga em um dos cartões postais rio-pardenses, a Ponte Metálica
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