‘Seu’ Jurandir Rioli: Pai com zelo, ‘avô com açúcar’ e empresário exemplar
Reportagem e Texto: Natália Tiezzi Manetta
Neste domingo especial, o www.minhasaojose.com.br, homenageia todos esses homens que com muita luta, determinação e coragem exercem um dos papéis mais prazerosos e difíceis em suas vidas, o de serem pais. E nada melhor que contar um pouco das muitas e muitas histórias de um pai zeloso, um ‘avô com açúcar’ e também um comerciante que desde os 7 anos já ajudava o pai na empresa, que pertence a família há 70 anos. Com vocês, o senhor Jurandir do Carmo Rioli.
Ele, que completou 76 anos neste mês, continua muito bem articulado em suas opiniões e, claro, politizado, já que mantém o hábito da leitura, principalmente de jornais.
Acompanhado pelos filhos Márcio Domingos Rioli e Marcos Tadeu Rioli, durante entrevista concedida no escritório de advocacia de Márcio, ‘seu’ Jurandir destacou que foi pai aos 30 anos e que o momento mais emocionante foi o nascimento dos meninos e também da caçula, Marielli. Já o mais difícil foi aprender a cuidar de cada um deles. “Apanhamos um pouco para aprender a cuidar deles, pois cada filho é de um jeito, não é mesmo? Marinheiro de primeira viagem então… Mas, minha esposa Vera Lúcia Braga Rioli e eu sempre fomos muito unidos na criação e educação dos três”, contou.
‘Seu’ Jurandir orgulha-se em dizer que educou os filhos na base do respeito, sem precisar levantar-lhes a mão. “Bastava o olhar de pai para que eles obedecessem. Nunca tive que bater em nenhum, mas o jeito que eu olhava quando faziam alguma travessura já impunha respeito e eles sabiam que tinham feito algo que eu não aprovara”, destacou.
Embora sempre corrigisse os filhos, Jurandir destacou que nenhum deles deu muito ‘trabalho’. “Foram crianças normais, faziam suas artes, mas nada muito além que merecesse maiores corretivos”, afirmou.
Marcos Tadeu relembrou que Jurandir ficava muito bravo quando ele, o irmão e os amiguinhos mexiam em suas ferramentas. “Ele não gostava mesmo. Não sei se por cuidado, já que eram serrotes, martelos, etc, ou por ciúmes dos instrumentos de trabalho”, disse.
O ORGULHO DOS FILHOS PELO PAI: EXEMPLO PARA MUITAS GERAÇÕES
Durante a boa conversa, ‘seu’ Jurandir afirmou que não foi nada fácil manter os filhos, financeiramente falando, principalmente no período da faculdade. “Os três estudaram fora daqui e confesso que foi duro, porém, realizei um dos meus sonhos, pois pude proporcionar a eles um bom estudo e hoje vejo que cada um soube dar valor a cada centavo que investi. Márcio formou-se em Direito e é Advogado; Marcos é Promotor de Justiça e Marielli é Supervisora da Caixa Econômica Federal. Tudo valeu a pena”, comentou o orgulhoso pai.
E se o ‘seu’ Jurandir tem orgulho dos filhos, o sentimento é recíproco dos três por ele. “Acho que a maior lição que aprendi com ele foi a retidão e o entusiasmo, além da leitura, é claro! ‘Seu’ Jurandir sempre teve postura de pai e nos ensinou que a coisa mais importante que temos na vida é o nome, que temos que zelar sempre”, destacou Márcio.
Já para Marcos, a honestidade, a generosidade e o incentivo às práticas esportivas são as características mais marcantes do pai. “Ele é um homem muito honesto e graças a Deus passou isso para a família, bem como generoso, entretanto acredito que poucos conheçam esse seu lado, já que nunca gostou de dar publicidade a isso. E, além de tudo, não bebe, não fuma e ainda é um exímio esportista, pois joga muito futebol no Bonsucesso. Isso acabou incentivando-nos a praticar esportes também, desde crianças, pois ele nos levava aos jogos”.
Marielli, que não estava presente à entrevista, enviou à reportagem um depoimento emocionado sobre ‘seu’ Jurandir. “Meu pai é meu grande exemplo e referência. Quando preciso tomar alguma decisão importante penso o que ele faria naquela situação, pois sei que será o caminho correto. Sua integridade e honestidade sempre foram características muito marcantes, e são alguns dos ensinamentos que passou aos filhos. Sempre altruísta e ajudando quem precisa, também demonstra a bondade e retidão de caráter pela forma com que trata os animais, sempre com respeito e amor. Muito dedicado à sua empresa, nos ensinou o valor do trabalho e a buscar o sucesso com coragem e seriedade, sem deixar de lado a humildade e a simplicidade”, disse Marielli.
O JURANDIR EMPRESÁRIO: 70 ANOS DE FUNERÁRIA SÃO JOSÉ
O trabalho começou a fazer parte da vida de Jurandir ainda criança, aos sete anos, quando ajudara o pai, o saudoso Domingos Rioli, na empresa funerária que ele havia adquirido. “A história da funerária São José é curiosa. Meu pai trabalhava como carpinteiro para o antigo dono, porém sua esposa e ele tiveram que se mudar daqui e passar a funerária adiante, mas ninguém se interessava. Até que depois de mais ou menos um ano meu pai se interessou pelo negócio e comprou. E eu, criança, ficava por ali, observando ele trabalhar. Meu primeiro trabalho foi forrar caixões, tarefa que nem existe mais atualmente. Assim fui tomando gosto, já que também não tinha muitas opções, e lá estou até hoje”.
Antes, porém, da empresa se estabelecer no endereço atual, à avenida Nove de julho, a funenária São José, no ano de 1950, funcionava à rua Rui Barbosa, onde permaneceu até 1954, ano em que ocorreu a mudança definitiva de endereço. “Hoje isso já não existe mais, todavia antigamente muita gente atravessava a rua para não passar em frente da funerária, fazia o sinal da cruz, rezava um Pai Nosso… E você acredita que nestes 70 anos eu nunca vi nenhum fantasma?!”, lembrou, com aquele humor bem peculiar, de poucas palavras, mas de muita sabedoria.
Sobre o segredo para manter um comércio aberto e ativo por todos esses anos, ‘seu’ Jurandir foi enfático. “Trabalhar muito e ser muito correto e honesto com os clientes”.
MAS… E O ‘SEU’ JURANDIR AVÔ?
“Ah, eu acho que ser avô é mais fácil do que ser pai. Dá para ter mais liberdade com os netos, pois com os filhos tem que ser mais enérgico, cobrar e educar, não é mesmo?!. Acho que a cobrança em ser pai é maior do que quando nos tornamos avós”. Assim o ‘seu’ Jurandir definiu seu sentimento em ser avô.
E os filhos também sentem muito orgulho dele pelo vovô que se tornou ao lado, é claro, da vovó Vera. “Ele é um ‘avô com açúcar’, brinca, se diverte e tem nos nossos filhos a sua grande alegria hoje em dia. E ele também continua nos aconselhando com nossos filhos, pois atualmente não está tão fácil cria-los”, comentou Márcio.
Por falar nisso, a reportagem questionou-o se nos dias atuais está mais difícil educar os filhos. “Acho que sim. Tudo é mais difícil, pois antigamente as crianças eram mais livres, podiam brincar na rua, conhecíamos os amigos dos filhos… Hoje, por conta de violência e bandidagem, as crianças ficam presas e, além disso, têm as drogas, que estão cada vez fáceis de adquirir. Atualmente os pais têm muito mais trabalho em educar e orientar os filhos do que antigamente, não tenho a menor dúvida. Mas todos têm que honrar seu papel de pai, sempre, não importa o problema a enfrentar. A autoridade de um pai tem sempre que ser respeitada por um filho”, concluiu.