Dia da Matemática: Professora Maria José desmistifica a ‘temida matéria’
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Reportagem e texto: Natália Tiezzi Manetta
Quando se fala em Matemática muita gente torce o nariz para a disciplina escolar, pois ela ainda é bastante temida pelos alunos. Porém, aprender a trabalhar com números, não deve ser encarado com medo ou por experiências negativas. Neste 6 de maio, Dia da Matemática, a reportagem entrevistou uma das professoras mais queridas e atuantes dessa nova geração de mestres rio-padenses, Maria José Rodrigues de Andrade.
Ela contou que os números sempre estiveram presentes em sua vida desde pequena, já que o pai é comerciante, e que foi o professor Zanatta que a incentivou na profissão. Formada há 28 anos em Ciências com habilitação em Matemática, Maria José, que também é pedagoga e psicopedagoga, disse que o aprendizado dos números é uma questão de dedicação aos estudos e, claro, sanar dúvidas em sala de aula.
Apesar de uma ciência exata, que exige concentração e raciocínio, Maria José não é e não transmite aquela figura antiquada de professora ‘cara fechada’, muito pelo contrário: O jeito carismático, a forma inteligente de exemplificar as aulas e a paciência em ensinar o conteúdo conquistam centenas de alunos, fazendo com que aprendam, respeitem e desmistifiquem a matéria.
“Muitas vezes, o aluno não se identifica com a Matemática porque os próprios familiares não tiveram uma experiência boa com a matéria ou não incentivam ao seu estudo em casa. Todos podemos aprende-la, mas, como em qualquer outra disciplina, é preciso muita dedicação e esclarecimento de dúvidas. Na matemática não se deve deixar o questionamento para depois. A dúvida precisa ser sanada rápido e sempre que acontecer”, disse.
Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.
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Maria José, quando você começou a lecionar?
Comecei em 1994 como substituta, mas por pouco tempo. Naquela época era difícil para conseguir aulas, então fui trabalhar em outra área. Isso foi até 1995, quando fiz o concurso da Prefeitura Municipal e iniciei como efetiva do ensino infantil. Em 1997 lecionei para 2° ano no Caic e, finalmente, em 1998 consegui meu objetivo, que era lecionar Matemática. Depois dessa data não parei mais. Em 2000 entrei para a rede estadual na EE Euclides da Cunha, já concursada. Em 2004 passei novamente no concurso do Estado, exonerei a Prefeitura e assumi o segundo cargo na E. E. “Profª Laudelina de Oliveira Pourrat”
Qual é a maior dificuldade que encontrou em ensinar Matemática?
A maior dificuldade é fazer os alunos acreditarem no seu potencial, pois a maioria dos alunos chegam com a ideia que não conseguem aprender matemática… e inverter esse quadro não é fácil. Outra dificuldade encontrada nos dias atuais é conscientizar os alunos que a matemática se aprende fazendo: tem que retomar o conteúdo em casa e trazer as dúvidas para a sala de aula. E muitos não tem esse hábito de estudo.
A Matemática ainda é uma matéria temida pelos alunos? Por quê?
A Matemática pela amplitude que a própria ciência abrange, gera na maioria das pessoas alguns paradigmas que são criados por experiências negativas de seus entes, hora por falta de afinidade com o tema, ora por experiências ruins com professores e assim por diante, e de certa forma isso é passado de um para o outro como uma realidade, impedindo que as pessoas se deem oportunidade de conhecerem-na de forma verdadeira. Estas crenças são criadas como uma espécie de barreira, que, por sua vez, acaba limitando a interação entre alunos e professores. Eu acredito que a matemática é para todos e assim como qualquer outro tema, temos que nos dedicar ao conhecimento deste assunto, permitindo-nos efetivamente entender cada momento com o professor e com a matéria, passando pelas várias etapas de dificuldades, criando um cenário favorável ao crescimento do conhecimento na área e até mesmo se descobrindo apto para aprofundar horizontes correlatos da ciência exata.
Para aprende-la é necessário começar desde cedo ou dá para se aprender com os números em qualquer idade?
A aprendizagem pode ocorrer a qualquer tempo, porém como qualquer outra situação no nosso cotidiano, temos mais facilidade de assimilar e desenvolver-nos quando ainda estamos em idades onde o conhecimentos está em seu início, tendo mais condições de nos dedicarmos aos assuntos, pois conforme o tempo passa, mais nos envolvemos com inúmeras atividades e nossos momentos cotidianos são cada vez mais concorridos. Por tanto, quando mais novo, temos mais tempo para nos dedicarmos aos estudos e conforme envelhecemos temos maior gama de compromissos acabamos por direcionar nossos esforços em atividades correlatas às nossas rotinas profissionais.
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Há alguma historia que tenha vivenciado com algum aluno que não gostava ou não aprendia a matéria e depois se apaixonou pela Matemática?
Em todos esses anos algumas histórias ou comentários foram muito significativos: Nesse momento me recordo de um Projeto de Xadrez, que desenvolvi com os terceiros anos do Ensino Médio, e depois de alguns anos fiquei sabendo por terceiros que foi o tema do trabalho científico de um aluno, que o projeto marcou tanto que ele se aprofundou no assunto. Entendendo que por analogia também somos artesãos moldando o conhecimento dos educandos que passam por nossas vidas, porém, na educação apesar de vermos pequenos progressos, nem sempre temos a oportunidade de conhecermos a “obra toda”, já que ela é composta por vários “artistas”.
É possível aprender com os alunos nas aulas de Matemática? O que mais aprendeu em todos esses anos de magistério?
A aprendizagem é constante. O professor, assim como qualquer outro profissional que interaja com outras pessoas, sempre terá a grata oportunidade de aprender a cada dia, como aquela famosa frase de Cora Coralina “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
E como encarar a Matemática sem teme-la?
Como disse antes, temos que nos dar a oportunidade de conhecer esta ciência, não nos permitindo fazer comentários tipo “sou ruim em matemática”; “meu pai é ruim em matemática”; “não consigo aprender”, “sou burro”, etc, porque ninguém pode nos deter em nossos caminhos e não podemos permitir que nossos pensamentos negativos façam isso. Portanto, encarar a matéria com a mente aberta, sem preconceitos, buscando efetivamente aprender, já nos dará um cenário favorável à aprendizagem, não só da matemática, mas também da vida.
Para finalizar, que mensagem você deixaria aos matemáticos neste dia especial.
“Ser negativo é subtrair: na vida ser negativo é subtrair esforços, subtrair energias, subtrair amizades, subtrair oportunidades, subtrair saúde, subtrair alegrias…” Eu penso que podemos ser positivos, sempre! Assim como na matemática, some: amigos, oportunidades, amor, alegrias! Some sempre e tenha fé! E viva a nossa Matémática de cada dia!
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