Violência contra morador de rua: Dois GCMs afastados e muitos questionamentos levantados

Na noite de segunda-feira, 22, um vídeo, contendo cenas fortes de um Guarda Civil Municipal desferindo golpes contra uma pessoa em situação de rua chocou a população. As imagens foram amplamente divulgadas pelas redes sociais, o que causou comoção e também muitos questionamentos acerca da conduta do GCM, entre outros pontos relevantes.
Na manhã desta terça-feira, 23, o prefeito Márcio Zanetti, em perfil pessoal, emitiu uma Nota Oficial destacando que determinou o afastamento do GCM envolvido no caso, bem como de outro Agente, que estava presente no momento dos fatos, além da abertura de processo administrativo para apuração da conduta e punições.
“Recebi com profunda indignação o vídeo, em que o morador de rua é vítima de agressão covarde praticada por um GCM, acompanhado de outro. Esse tipo de atitude é inaceitável e não representa, de forma alguma, os valores que defendemos”, afirmou na Nota.
O Secretário de Gestão, Paulo Boldrin, também emitiu Nota Oficial em seu perfil indignado com o fato. “O episódio em que guarda municipal agride um morador de rua é inaceitável, desumano e não representa o papel da segurança pública que defendemos para nossa cidade”, destacou ele, na Nota.
Vereadores também se manifestaram acerca do triste episódio, entre eles Alexandre Tosini, Sara Mafepi, Adriano Junior e Rafael Kocian, também indignados com a atuação violenta do GCM. O assunto deve ser abordado hoje na Sessão Ordinária da Câmara.
Em pronunciamento, também na manhã de hoje, Tosini usou de suas redes sociais para refutar a afirmação do prefeito, de que o episódio envolvendo o GCM foi “isolado”. “A contrário do que o prefeito disse, o caso do Coreto não é isolado e eu tenho provas que mostram o contrário. Temos imagens de outras agressões cometidas, inclusive pelo Comandante e pelo Gestor da GCM”, afirmou, entre outras denúncias graves que fez envolvendo alguns nomes da Corporação.
“Tudo isso é gravíssimo. Não passarão impunes. Se o prefeito quiser realmente resolver precisa afastar imediatamente o Comandante e o Gestor da Corporação, além do GCM envolvido nas agressões”, concluiu o vereador no vídeo postado.
POLÍTICAS PÚBLICAS: PLANEJAMENTO E AÇÕES
Muitos munícipes se manifestaram pelas redes sociais cobrando do Poder Público ações efetivas para o enfrentamento de casos relacionados às pessoas em situação de rua, sendo que boa parte delas se concentra na Praça XV de Novembro, nas proximidades do Coreto. Parte da população se sente incomodada com a abordagem destes moradores de rua, que muitas vezes pedem dinheiro, usam de palavras de baixo calão contra os moradores, etc. Todavia, ressaltaram que a violência não é o caminho para resolver o problema.
Muitos questionaram, ainda, qual deveria ter sido a conduta do GCM, já que o morador de rua aparentava estar embriagado: leva-lo à Casa Abrigo? Conduzi-lo ao Pronto Socorro? Acionar a Assistência Social?
Alguns também indagaram sobre a formação dos GCMs, inclusive treinamentos, capacitações e orientações gerais à função que, conforme a Corporação, deve zelar pelo patrimônio público e proteger a população.
Tais questionamentos devem ser levados em consideração, não apenas com relação à conduta do GCM, à formação promovida pela Corporação ao desempenho das funções dos Guardas, mas todo o restante que envolve ou deveria envolver políticas públicas voltadas às pessoas em situação de rua, de vulnerabilidade e de drogadição.
E isso não é apenas um problema da Secretaria Municipal de Segurança, conforme observaram alguns munícipes, mas de outras Pastas, a exemplo da Assistência Social, da Saúde, etc.
Uma das principais perguntas dos internautas foi: “O está sendo feito com relação aos moradores de rua?” “Como ‘tira-los’ da Praça XV?” “Quais serão as atitudes após esse triste acontecimento?”
O que fazer? O que fazer? Perguntas, ainda sem respostas efetivas, mas que necessitam delas, bem como de planejamentos e ações acerca das pessoas em situação de rua, pois apenas a Casa Abrigo como suporte assistencial, ao que parece, não está sendo suficiente.