Roda de Samba Entre Amigos comemora sete anos de atividades

Entrevista e texto: Natália Tiezzi
… E a Roda de Samba Entre Amigos completou sete anos! A alegria e a união deste grupo de amigos, que se apresentou pela primeira vez em 28/07/2018 resultou numa Roda, que vai muito além do Samba: retrata a cultura popular brasileira, num misto com a cultura rio-pardense, raízes que sempre foram lembradas e jamais serão esquecidas pelos seus integrantes.
O site e jornal online Minha São José traz, neste sábado, um pouco da rica história do Grupo, que já se apresentou desde eventos beneficentes até casamentos, bares e festas particulares, sempre com duas características bem peculiares: animação e humildade.
Durante a entrevista, os integrantes ressaltaram a importância das Rodas de Samba pelo Brasil, não apenas como instrumentos de união, mas de resistência e solidariedade observando, ainda, algumas dificuldades enfrentadas para mantê-las ativas.
Eles também mencionaram as apresentações mais marcantes, pessoas especiais que já passaram pela Roda de Samba e, claro, projetos futuros.
Embora com muito “samba na bagagem”, centenas de shows, experiências e vivências, o Entre Amigos continua com o mesmo objetivo, que é simples e grandioso. “Manter viva a amizade que nos uniu e compartilhar essa energia com todos que cruzam nosso caminho”, afirmaram.

Confira, abaixo, a matéria na íntegra.
Como surgiu a ideia da Roda de Samba Entre Amigos e por que deste nome?
Somos um grupo de grandes amigos que, no dia 28 de julho de 2018, se reuniu para celebrar a amizade através do samba, da alegria e da união”. Essa frase resume nossa origem, mas não traduz toda a alma da Roda. Cada um de nós carrega uma ligação profunda com o samba e com a cultura popular: desde a Folia de Reis e os Caiapós, até a cultura caipira do interior, marcada pela música sertaneja, pelas festas juninas e pelos rodeios. Também carregamos a força das escolas de samba e dos blocos carnavalescos. A Roda nasceu desse encontro de memórias e raízes, fruto da mistura que é o Brasil — africano, indígena, europeu e caipira — transformada em ritmo e poesia. Começamos com reuniões semanais, e, sem perceber, estávamos levando nossa batida a palcos, feiras, bares e festas. Mais do que um grupo musical, somos uma irmandade: músicos, familiares e amigos que a vida e a música nos deram. Nossas esposas, namoradas e amigos também são parte essencial dessa história — presença constante, apoio incondicional, amizade sincera e carinho que nos fortalecem a cada encontro. Além dos compromissos da Roda, frequentamos a casa uns dos outros em encontros, festas e no dia a dia. Essa convivência reforça nossos laços e nos impulsiona a crescer juntos, como uma verdadeira família.
Quantos integrantes tem atualmente e quais são os coordenadores?
Os coordenadores da Roda de Samba Entre Amigos são: Fernando Venâncio, pintor profissional; Luis Rogério Pascoal, funcionário público municipal; e Zenero Viana, atuante na área de vendas de peças automotivas. Nenhum membro da Roda vive exclusivamente de música; todos participam por amor ao samba, e alguns conseguem complementar a renda familiar por meio da arte. Mas a Roda não se limita a um número fixo: é o encontro de integrantes de vários grupos, o que nos permite ter mais de um músico em cada instrumento e voz. A maioria dos integrantes vem de Mococa e São José do Rio Pardo, mas estamos sempre abertos a receber amigos e músicos de toda a região.
Qual foi a primeira apresentação da Roda?
Nossa estreia oficial aconteceu em 2018, na Feira da Terra, a convite do presidente Romão. Mas a primeira batucada com o nome “Roda de Samba Entre Amigos” ecoou no Bar Churrasco & Cia, no dia 28 de julho de 2018 — data que se tornou nosso marco zero. Desde então, nossas reuniões ganharam um símbolo: todas as quintas-feiras, sempre com a imagem de São Jorge, nosso protetor e santo de devoção, presente na mesa. Assim seguimos, de bar em bar, mantendo viva a tradição da quinta-feira.

Qual foi a apresentação mais marcante?
Cada apresentação é única e deixa sua marca. No começo, o desafio era caber os instrumentos em carros pequenos, mas a vontade de tocar sempre foi maior do que qualquer dificuldade. Vivemos festas inesquecíveis, com o público cantando em coro e dançando até a última batida. Mas também enfrentamos a dor da despedida: a perda de três grandes amigos e companheiros. Cantamos “A Amizade” no velório de Cristian Caz, nosso talento inesquecível. Também nos despedimos de Ferrúcio, o baterista que esteve conosco desde o início, e de Vandinho, querido pandeirista. Essas ausências doem, mas nos fortalecem. Cada música que tocamos é também uma homenagem.
Qual o objetivo do grupo nestes anos de atividade?
Nosso objetivo é simples e grandioso: manter viva a amizade que nos uniu e compartilhar essa energia com todos que cruzam nosso caminho. A cada batida, espalhar alegria e esperança. Fazer do samba um instrumento de união, resistência e solidariedade. Por isso, não nos limitamos ao palco: levamos nossa música a entidades, comunidades e pessoas que precisam de apoio, transformando cada apresentação em um gesto de afeto coletivo. Para nós, o verdadeiro sucesso é ver um sorriso nascer no rosto de quem, por alguns instantes, esquece as dores da vida e se deixa embalar pelo balanço do pandeiro e pelo coro da amizade.
O que o samba representa para vocês?
O samba é o coração que bate no peito do Brasil. É resistência, poesia, celebração. Para nós, ele é a força da cultura negra, o encontro com a tradição indígena, a influência europeia — tudo transformado em melodia. É alma popular, é voz coletiva, é modo de viver. O samba nos ensina a sorrir mesmo na dor, a celebrar mesmo na dificuldade. É a nossa bandeira e a nossa oração.
Quais músicas não podem faltar numa apresentação?
Nosso repertório é uma travessia pela história do samba e por tantas outras sonoridades que nos inspiram. Seria impossível enumerar todos os nossos ídolos, mas alguns sempre iluminam nossas rodas: Pioneiros: Pixinguinha, Noel Rosa, Carmen Miranda. Mestres eternos: Cartola, Dona Ivone Lara, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho, Adoniram Barbosa, Demônios da Garoa. Grupos de pagode: Raça Negra, Exaltasamba, Só Pra Contrariar, Art Popular. Nova geração: Thiaguinho, Péricles, Ferrugem, Dilsinho. E não apenas o samba — outros ritmos também nos inspiram, pois acreditamos que a música, em todas as suas formas, é ponte de aprendizado e combustível para nossa criação.
O grupo já participou de apresentações beneficentes? Onde?
Sim. Nossa história nasceu e se fortaleceu em gestos de solidariedade. Desde o início, entendemos que samba não é apenas música — é partilha, cuidado e ponte entre pessoas. Fomos responsáveis por anos pela parte artística da tradicional Feijoada do Renascer, além de ações em prol do Educandário São José e da Cáritas, reunindo artistas da região em grandes encontros musicais para ajudar entidades locais. Participamos, todos os anos, do Páscoa Feliz do ‘O Brabo’, evento que distribui ovos de Páscoa para milhares de crianças de projetos sociais e ONGs. Realizamos palestras e apresentações em escolas estaduais e municipais sobre a história do samba e a cultura negra, além de visitas musicais a asilos. Na pandemia, nossas rodas se transformaram em lives solidárias. A primeira, com o antigo DEC – Departamento de Esporte e Cultura e o Rotary Club, arrecadou alimentos para famílias em dificuldade. A mais marcante foi em benefício da ala Solar das Magnólias, do Hospital Regional de Divinolândia: mais de três horas de show, com pacientes, artistas e empresas de todo o país, arrecadando fraldas, recursos, mais de meia tonelada de alimentos e obras de arte para leilão. Também estivemos em eventos organizados pela Prefeitura (Semana Euclidiana, Aniversário da Cidade e Carnaval), em Espírito Santo do Pinhal e no Dia da Consciência Negra em Vargem Grande do Sul. Promovemos ainda ações próprias: doação de cestas básicas, shows beneficentes e a tradicional Festa do Dia das Crianças no Vale do Redentor. Para nós, samba e solidariedade caminham juntos, como dois versos do mesmo refrão.

Qual é a principal característica da Roda de Samba Entre Amigos?
Nossa marca é a mistura. Somos filhos da cultura negra, mas também de todas as tradições que formam o Brasil. Tocamos de tudo no samba: samba de enredo, samba raiz, samba rock, partido alto, pagode e até sambanejo. Não temos preconceito musical — cada ritmo é aprendizado, cada som é uma ponte. E nossa batida, mais forte e pesada, é o que dá corpo ao nosso canto.
Ao longo destes sete anos, o Grupo tem algum destaque especial com relação aos componentes?
Muitas pessoas já passaram pelo grupo, trazendo alegria e talento. Este ano, até um menino de 8 anos subiu ao palco conosco, filho de um músico que carrega a música no sangue.Entre todos, um destaque especial é nosso querido amigo Regis Capelari. Aos 12 anos, aprendeu a ler partituras com o Maestro Carmelo Cônsul e a tocar caixa na banda dos italianos União Riopardense. Aos 16, seu ritmo já ecoava com a Banda Os Rebeldes, percorrendo a região com sua música, e depois encantou diversos grupos, como o Super Som TR, além de dedicar-se a ensinar percussão e bateria aos domingos. Hoje, o som de seu coração pulsa no trio de Bossa Nova com Dr. Conti e José Escoqui. Na Roda de Samba Entre Amigos, Regis chegou no mesmo ano da fundação, em 2018. Teve que se afastar por conta da pandemia e problemas de saúde, mas retornou no ano passado com energia renovada, trazendo de volta o sorriso e o ritmo, tornando-se nosso amado “Vovozão”, figura que irradia afeto e paixão pelo samba. Não podemos deixar de lembrar também das ‘Trenzinhas’, grupo de amigas que dançava com graça e alegria, espalhando brilho e encantamento, transformando cada instante da Roda em um momento inesquecível.
Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelo Grupo atualmente?
Hoje, a maior dificuldade do grupo na nossa região é semelhante a de outros grupos: os cachês, quando comparados a duplas de voz e violão; a falta de valorização de quem transforma a arte em modo de vida ou complemento de renda familiar; e o reconhecimento limitado para quem dedica tempo, talento e paixão à música.



O que pretendem para os próximos 7 anos?
Queremos seguir escrevendo essa história com a mesma tinta que nos trouxe até aqui: amizade, solidariedade e samba. Nossa meta é levar música onde houver sede de alegria, e estender a mão aonde houver necessidade. Ampliar projetos beneficentes, fortalecer parcerias com instituições e, claro, voltar com a tradição das quintas-feiras, vivida sob a proteção de São Jorge. A Roda é aberta ao público, especialmente àqueles que têm noção instrumental e desejam somar ao nosso compasso. Sonhamos em levar a Roda para novos palcos, cidades e corações, lembrando que o samba é mais que um gênero musical: é um ato de amor. Queremos crescer artisticamente: melhorar musicalmente, conquistar novos equipamentos e aprimorar nossa estrutura física, elevando a qualidade dos shows e alcançando cada vez mais público.
Para finalizar, algum agradecimento especial por todos esses anos de atividades?
Agradecemos a oportunidade de falar sobre nossa querida Roda de Samba Entre Amigos. Gratidão a todos que já fizeram parte do grupo, aos amigos que nos acompanham e apoiam ao longo dos anos. Gratidão também aos comerciantes, empresários e ONGs que sempre acreditaram no nosso trabalho. E lembramos com carinho de parceiros que fazem parte da nossa história: Amigos do Bar do Demá, Samba do Bem de Mococa, Jabá Som, Tucano Som, além de todos que prestaram serviços técnicos para nós; ao Projeto Renascer, Romão e Feira da Terra, onde nos apresentamos pela primeira vez fora do ninho; à Feira da Mata de Mococa, aos municípios que nos contrataram e, principalmente, aos nossos familiares e amigos que sempre nos apoiam com amor, respeito e incentivo. A todos, nossa eterna GRATIDÃO — a palavra mais linda que conhecemos!
Serviço: Roda de Samba Entre Amigos
Contatos para apresentações: WhatsApp: (19) 99195-6940
Siga pelo Instagram: @rodadesambaentreamigos e Facebook: Roda de Samba Entre Amigos



