Os ‘causos’ do Dr. Teixeira: Médico conta histórias vividas e ouvidas (em Inglês)
Entrevista e texto: Natália Tiezzi
Uma estratégia para exercitar o Inglês acabou dando origem a uma pequena (e curiosa) publicação: os ‘causos’ do Dr. Antônio Teixeira Filho compilados e escritos no idioma em que o médico é apaixonado desde a infância.
Em entrevista ao site e jornal online Minha São José, Dr. Teixeira contou como esse ‘projeto’, idealizado pelo seu professor de Inglês, David Marcos Machado Ribeiro, que enxergou no ‘exercício’ passado ao aplicado aluno uma forma de eternizar os esforços e, claro, as boas histórias do médico, ouvidas e vividas por ele ao longo de mais de 80 anos.
“Na pandemia, os encontros às aulas com o David ficaram difíceis, mas eu não queria deixar de praticar o Inglês, que gosto desde os tempos de criança, na escola. Ele sugeriu a leitura de livros no idioma, mas, confesso que a ideia não me conquistou. Foi, então, que ele orientou a escrita de alguns textos na língua inglesa – topei na hora”, explicou.
O médico observou que essa foi uma das melhores maneiras de estudar, praticar o Inglês e, ao mesmo tempo, relembrar boas histórias, com ‘causos’ que variam dos polêmicos aos engraçados, principalmente vivências de sua infância e juventude.
Entre alguns, destaque para fatos ocorridos em Divinolândia, quando presenciou uma tentativa de assassinato na praça da pacata cidade. “Um amigo e eu, crianças, estávamos andando de bicicleta pela praça e presenciamos a lamentável cena. A mocinha levou um tiro do então ex-namorado, foi socorrida para o hospital daqui de Rio Pardo pelo meu sogro, Dr. Jacó, e sobreviveu. Já o autor do disparo foi encontrado morto numa estrada de acesso. Cometeu suicídio. Uma pequena capela foi construída nas proximidades e confesso que toda vez que passava por ali, já que era caminho do sítio do meu pai, sentia calafrios, uma sensação estranha. Até eu me ‘livrar’ da foto daquele pobre homem: joguei atrás da capela”, contou.

Em outro ‘causo’, o médico trouxe uma vivência na juventude, durante uma apresentação na Semana Euclidiana, quando tentou ser um ‘organizador’ da turma na apresentação musical, mas um vento inesperado mudou, literalmente, o rumo, ou melhor, o som no campo de futebol do Rio Pardo Futebol Clube. “Terminei aquela participação suando tanto, mais de nervoso do que de calor, que nunca mais esqueci aquele fato”.
E até um ilustre colega de escola foi homenageado nos contos em Inglês do Dr. Teixeira: o saudoso José Roberto Magalhães Teixeira, que foi considerado um dos melhores prefeitos do Brasil, quando comandou a prefeitura de Campinas. “E tem até uma Rodovia em homenagem ao amigo, a SP-83, também conhecida como Anel Viário de Campinas. Mas, no conto, destaco um pouco de nossa comum vida escolar, quando estudei com ‘Grama’, apelido que recebeu quando mudou-se com a família para São Sebastião da Grama. No ‘Científico’ como se costumava dizer, ele ia à escola somente de terno. Para nós aquilo soava engraçado, mas para ele não. Questionado por professores o motivo da imponente vestimenta, ele era enfático: ‘serei político’”, assim como realmente foi”.
Todos os textos em Inglês do pequeno livro de contos foram revisados cuidadosamente pelo professor David, que Dr. Teixeira tem muita admiração e consideração. “O David me faz gostar de Inglês, a estudar com afinco, mas com leveza”, elogiou o aplicado aluno.
Todavia, o que chama a atenção não é meramente a publicação, que o médico fez questão de entregar um exemplar para cada familiar, estimulando-os à leitura do universal idioma, mas a dedicação em aprender jeitos diferentes de… aprender!
À altura de seus 86 anos, Dr. Teixeira mostra que nunca é tarde ao novo, ao aprendizado (e isso não é apenas nas aulas de Inglês, mas em inúmeras situações de seu cotidiano: seja como médico, pai, avô, bisavô, agricultor, marido ou aluno.
“Aprender coisas novas, jeitos novos de se fazer alguma coisa é um convite ao desafio e estimula a memória e isso, na minha idade, é fundamental”, concluiu, com seu humor peculiar.
