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Luís Renato Vedovato: Ele deixou São José há 30 anos e se tornou advogado e professor

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Recentemente Dr. Luís Renato foi convidado a integrar a Academia Paulista de Direito, onde tomou posse no mês de outubro

Entrevista e texto: Natália Tiezzi Manetta

Amigos internautas e leitores, dando continuidade às entrevistas do ‘Cadê Você?’, o www.minhasaojose.com.br traz nesta semana a história de um rio-pardense que saiu de nossa querida terrinha há 30 anos e constituiu, além de uma linda família, uma renomada carreira na advocacia, o Dr. Luís Renato Vedovato.

Ele, que é filho do casal Paulo Vedovato (in memoriam) e Magali Perri Vedovato, enquanto residiu em Rio Pardo foi um estudante que frequentou escolas públicas estaduais como milhares de rio-pardenses, cursando o Ensino Fundamental na E.E. “Dr. Cândido Rodrigues” e o Ensino Médio na E.E. “Euclides da Cunha”.

Após a conclusão dos estudos em São José, foi estudar em São Paulo e graduou-se pela Faculdade de Direito da USP (Largo São Francisco), obtendo os títulos de mestre e doutor em Direito Internacional. Além da advocacia, Luís Renato também é professor de Direito na UNICAMP e PUCCAMP.

Durante a entrevista, concedida on line, ele falou sobre a época dos estudos acadêmicos na capital e dos trabalhos que promove no Direito, com ações para o controle do tabaco visto que o pai, Paulo, faleceu em decorrência do consumo do mesmo.

O advogado e professor, que é casado com a também rio-pardense Tatiana Giovanelli Vedovato e pai de dois filhos, Paulo e Clara, mencionou o convite para integrar a Academia Paulista de Direito, momentos marcantes na vida profissional, além de sua paixão pelos romances de ficção. “Escrevi dois livros e a ideia é trazer conceitos de Direito contando histórias”, explicou.

Dr. Luís Renato ainda falou sobre a saudade que sente de São José e da influência da mãe e da avó paterna ao magistério. E alguém arriscaria um palpite sobre qual profissão ele seguiria caso não fosse advogado ou professor? Vamos descobrir abaixo na entrevista, na íntegra.

Dr. Luís Renato reside em Paulínia com a esposa, Tatiana, e os filhos Paulo e Clara

Dr. Luís Renato, por que optou pela formação em Direito? Você teve a influência de familiares ou amigos?

Dr. Luis Renato: Ninguém da família fez Direito, mas meu pai e minha mãe sempre quiseram que eu fizesse, especialmente por terem assistido a uma apresentação do Coral do XI de Agosto (da Faculdade de Direito da USP) antes de eu nasce. O fim das contas, eu e meu irmão do meio (Maurício) fizemos Direito na mesma Faculdade, enquanto minha irmã caçula, Anamaria, fez Medicina Veterinária, na Universidade Estadual de Londrina (PR).

O que o fez optar por constituir carreira fora de São José? Seus pais aceitaram e apoiaram essa decisão? Em que ano deixou Rio Pardo?

Como a faculdade foi fora de São José, em São Paulo, foi meio natural que continuasse fora. O apoio, que sempre é constante na família, veio quando fui estudar fora. Isso já faz 30 anos. Atualmente resido com minha família em Paulínia e trabalho em Campinas.

Onde e qual foi seu primeiro emprego?

Meu primeiro emprego foi como escrevente técnico judiciário, do Tribunal de Justiça de São Paulo.

E onde trabalha atualmente?

Sou advogado e professor. Na advocacia, atuo, desde 2005, com ações para controle do tabaco, caminho que escolhi tendo em vista que meu pai morreu, em 1995, aos 55 anos de idade, por conta do consumo do tabaco. Sou professor da UNICAMP e da PUCCAMP, em ambas dou aulas de Direito focados no Direito Internacional, Direito Econômico, Direito Ambiental e Direitos Humanos. Minha pesquisa principal é no campo do direito migratório. Como professor, também atuo na Georgetown University (de Washington), fazendo parte do Academic Advisory Group of the Global Center for Legal Innovation on Food Environments (“Global Center”) do O’Neill Institute for National and Global Health Law. Além disso, também atuo numa pesquisa conjunta entre UNICAMP e Cardiff University (do País de Gales), com financiamento do governo britânico.

Em todos esses anos de profissão, qual foi o momento que mais lhe marcou na carreira?

Foram vários momentos, mas eu destacaria vitórias no STF no campo do controle do tabaco, sendo a mais recente sobre a proibição de aditivos no cigarro, em 2018. E também as pesquisas no campo da migração com a equipe do Observatório das Migrações em São Paulo, liderado pela professora Rosana Baeninger, que nos levou a fazermos reuniões com membros do Parlamento Britânico, em 2019.

Qual a maior lição que aprendeu em constituir carreira em uma cidade grande?

Que o mundo nunca será tão grande e importante quanto sua cidade natal e sua família. As conquistas importam pouco se sua família e seus amigos estão em segundo plano. O mundo que queremos é o mundo da igualdade, da união e da construção conjunta, o que se constrói em casa e com seus colegas.

Recentemente, o Dr. ingressou na Academia Paulista de Direito. Como aconteceu o convite?

Recebi o convite da Academia Paulista de Direito depois que meu nome foi aprovado pela diretoria da instituição, em 2019, tendo tomado posse em outubro deste ano. A APD foi fundada em agosto de 1972 para ser um espaço de debates sobre o Direito entre pesquisadoras e pesquisadores do Brasil. Todos podem acessa-la pelo endereço https://apd.org.br/introducao-historia-sede-academia/

Além do Direito, você também tem um fascínio pelos romances. Conte um pouco sobre os livros que escreveu.

Escrevi dois livros de ficção. Em ambos, a ideia é trazer conceitos de direito contando histórias. Ambos estão disponíveis no Kindle, que é só baixar o aplicativo em qualquer celular, tablet ou computador. O mais recente, lançado esse ano, no dia 9 de setembro de 2020 (data escolhida por ser aniversário da minha irmã, que merece todas as homenagens por ter revisto o livro para mim, ela é minha principal crítica, por ser uma leitora assídua e brilhante), tem o objetivo de fazer uma homenagem a Van Gogh, pois são 130 anos da sua morte. Além disso, a ideia é trazer conceitos básicos de direito internacional. O livro se chama “O Van Gogh Esquecido” e pode ser encontrado nesse link:  https://www.amazon.com.br/Gogh-Esquecido-Lu%C3%ADs-Renato-Vedovato-ebook/dp/B08HR5FQGJ/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=ÅMÅŽÕÑ&dchild=1&keywords=vedovato&qid=1604406207&sr=8-1 Sua sinopse é: “Uma brasileira e um mexicano fazem trajetórias paralelas até a cidade de Auvers-Sur-Oise, na França. Lorena atua no ramo do direito & arte e vai em busca de auxiliar seu cliente, enquanto Héctor está numa caminhada misteriosa que levará à aproximação de ambos. Os impressionistas e Van Gogh formam o pano de fundo para o enredo que se mostra de variadas formas dependendo da distância que se está da cena. A trama se desenvolve no México, no Brasil, nos EUA, na Inglaterra e termina na França, pelas ruas de Paris e no Vexin, em busca de uma obra perdida de Van Gogh. Enquanto as respostas se mostram estar mais próximas do que se imagina. O livro é um convite a viajar.”

Já o primeiro é “Deve Haver”, que mistura música (Blues e Jazz) com amizades da juventude. O pano de fundo é inspirado em São José. O link para o livro é esse: https://www.amazon.com.br/Deve-Haver-Lu%C3%ADs-Renato-Vedovato-ebook/dp/B0738RLLS1/ref=sr_1_2?__mk_pt_BR=ÅMÅŽÕÑ&dchild=1&keywords=vedovato&qid=1604406207&sr=8-2. e essa é a sinopse: “A história de seis pessoas em dois momentos pontuais de suas vidas, na juventude e na meia idade, forma a trama central do livro, que busca captar o sentimento e as perspectivas do país em meados da década de noventa, quando a democracia começava a dar os primeiros passos, e nos idos de 2015, com cenário de incertezas políticas, econômicas e ligadas à vida privada do país e dos envolvidos. O enredo é uma viagem, nem sempre pelo mundo real, pelas angústias, medos, alegrias e conquistas de um grupo que busca ser na sociedade o que é no íntimo de cada um. Entre eles e na cidade natal, há um espaço de aconchego, que se distancia a cada dia da realidade que enfrentam individualmente. Nesse mundo, em que oráculos aparecem, o futuro pode ser tão previsível quanto não se deseja.”

Sua mãe, a querida professora Dona Magali, tem influência com relação à sua carreira como professor e também romancista?

Minha mãe sempre foi inspiração por sua dedicação, determinação e superação de desafios, o que certamente herdou dos meus avós, Renato e Thereza. Ver minha mãe preparar aulas e se dedicar certamente me inspirou a ser professor e trouxe à tona o que talvez eu tenha herdado também da minha avó paterna (Etelvina), que, por muito tempo, foi professora no Sítio Novo, nas décadas de 40 e 50.

Luís Renato com os irmãos, Maurício e Anamaria, e a mãe, Magali

O que é o melhor e o que é pior em sua profissão?

O melhor é a possiblidade de falar sobre direitos. Eu não consigo ver o pior na minha profissão, eu diria que o pior é ver pessoas sem direitos ou pessoas atacando direitos por interesses político-partidários. Negar saúde pública, aposentadoria, direito a liberdade de expressão para grupos por questões políticas é o que de pior tenho visto nos últimos tempos, que tem sido, infelizmente, veiculado por discursos de ódio por autoridades que deveriam preservar o direito.  

Se o Dr. Luis Renato não tivesse optado pelo Direito, qual profissão seguiria?

Talvez eu fosse padeiro, gosto muito! Quem sabe um dia monto uma padaria.

Qual a sua maior saudade de São José do Rio Pardo?

São José me traz muitas saudades. Cheiros, cores, imagens. São José é o lugar em que nasci, cresci e convivi com meus pais, meus avós, meus tios e meus amigos e amigas. Saudade maior é do tempo em que vivi em São José.

Para finalizar, quais são seus planos profissionais para o futuro? Algum deles inclui, talvez, um retorno a São José?

São José nunca sai dos planos. Meus planos para o futuro não são muitos. O maior talvez seja conseguir continuar a passar às gerações futuras a importância dos Direitos Humanos.

No saudoso registro, Luís Renato, Maurício, a mãe, Magali, com Anamaria ao colo, o pai, Paulo Vedovato e Maurício (em segundo plano)

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