Especial Dia do Trabalho: Ao meu pai, feliz 43 anos de comércio!
Texto: Natália Tiezzi
Hoje, 1º de Maio, data especial, homenageio meu pai, Alcindo Richard Tiezzi, por tantos anos dedicados ao comércio, uma ‘prisão sem muros’, sem a qual ele não saberia como viver. Coincidentemente, neste mês, ele completa 43 anos trabalhando no mesmo local, estabelecimento à rua Treze de Maio, 153, atualmente a Tiezzi Pizzas.
Meu pai começou a trabalhar como office-boy e passou por diversos escritórios de contabilidade aqui na cidade. Depois trabalhou na extinta Ripave e também se dedicava aos estudos em São João da Boa Vista, na então FAE, cursando Economia.
Após meus avós paternos mudarem para Ribeirão Preto, ele transferiu o curso de graduação à Faculdade Moura Lacerda. Por lá trabalhava de dia, onde passou por algumas agências bancárias, e estudava à noite.
Neste meio tempo conheceu minha mãe, a dona Sônia, uma mocinha simples que ainda morava na roça por aqui.
O sonho dele era fazer carreira em Ribeirão. Embora sem concluir o curso, galgou uma oportunidade de trabalho em uma multinacional de adubos e fertilizantes. Porém, às vésperas do casamento, minha mãe, talvez assustada com a ‘cidade grande’ não quis fazer morada na ‘Califórnia Brasileira”.
O jeito foi voltar a Rio Pardo, todavia, ‘sem ser empregado de ninguém’. Ele queria ter seu próprio negócio, mas o quê? Foi então que alugou parte da casa que era de minha avó, mãe dele, aliás a casa da família, para iniciar sua trajetória no comércio.
No pequeno espaço abriu, primeiramente, uma quitanda. E muitas e muitas vezes viu frutas, verduras e legumes sendo descartados, assim como lágrimas que escorriam de seu rosto. Um começo extremamente difícil, mas meu pai sempre foi persistente e a persistência no comércio separa quem permanece de quem fecha as portas.

Aos poucos foi inovando: passou a vender queijos, doces, chocolates finos e frios, o que começou a impulsionar as vendas. À época, minha mãe era manicure e fazia doces (compotas) para serem comercializadas na então ‘Ki Frutas & Frios’. Aliás, meu pai teve a sorte de encontrar minha mãe e construir um lar, uma família, um comércio juntos!
Para oferecer produtos diferentes, ele viajava para esses ‘fundões de minas’, como definia, e trazia os sabores mineiros para São José. A coragem, a fé e a determinação sempre o guiaram. Dez horas de trabalho diárias…
Tempos depois (e isso já faz mais de 20 anos) inovou mais uma vez no comércio: reformou o espaço e passou a comercializar pizzas semi-prontas, que se tornou uma ‘febre’ em meados dos anos 90! O trabalho, é claro, aumentou. Cerca de 12 horas por dia.
A rotina continua a mesma: limpeza impecável, livro caixa em dia e, quase sempre, também quebrando a cabeça para manter as receitas e despesas equilibradas, como bom e velho comerciante! Agora, perguntem a ele se quer parar? Aos 74 anos nem pensa nisso!
Ao lado, sempre ajudando, a minha mãe , aos 70 anos, comanda a cozinha. Mulher a quem também ‘tiro o chapéu’ pelo incansável trabalho.
E hoje, Dia do Trabalhador, bem provável que o Tiezzi vai abrir a pizzaria… Na porta, por vezes sentado, em pé, passaram e passam-se horas, dias, semanas, meses, anos. E lá está meu pai: recebendo a todos com educação, respeito, explicando os sabores das pizzas, como assa-las, bem como proporcionando oportunidades de trabalho: quantas pessoas já passaram por lá e aprenderam com ele!
Eu, junto com meu irmão, tivemos o privilégio de crescer entre os balcões. Ter o exemplo da rotina, do amor ao estabelecimento e da garra em abrir as portas da casa para mais um dia de trabalho, seja qual for o resultado das vendas.
Com meu pai também aprendi coisas peculiares ao comércio: o negociar, o vender, o comprar e, acima de tudo, a ser ‘dona do próprio nariz’ como ele, um dia, sonhou e abriu o próprio negócio! E isso, hoje, faz toda a diferença no meu trabalho.
Parabéns, pai, pela sua história profissional, que incentiva e incentivará sempre a minha!