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Júnior Almeida: Dos corais evangélicos aos palcos Brasil afora

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Com um timbre de voz comparado a Ney Matogrosso, o intérprete naturalmente encanta e alegra inúmeros públicos por onde se apresenta (Foto acima e de abertura da matéria de Roberta Simões/RS Fotografias)

Reportagem e texto: Natália Tiezzi Manetta

Esse jovem paulistano conquistou, definitivamente, os corações e principalmente os ouvidos dos rio-pardenses e públicos deste nosso imenso país com seu timbre de voz que emociona, o qual já foi comparado ao grande cantor Ney Matogrosso.

Aos 36 anos, completados no último 28 de dezembro, Luiz Antônio de Almeida Júnior, o Júnior ou Juh Almeida, leva muito mais que sua linda voz aos palcos, leva alegria, descontração e, principalmente, profissionalismo e respeito à música.

O carisma também é outra grande característica de Juh e isso é transmitido ao público em todas as suas apresentações que, sim, foram e com certeza ainda serão muitas. Em São José, por exemplo, sua última apresentação, aliás outro show à parte, foi junto à Banda NighTime, no Réveillon da Associação Atlética Riopardense. Antes, o cantor já havia arrancado sorrisos e lágrimas da plateia durante a apresentação da Orquestra Jazz Sinfônica de São João da Boa Vista, cidade onde reside atualmente.

Em entrevista ao site, Juh disse que a música sempre esteve presente em sua vida e que começou a aprecia-la ainda mais pelo incentivo da mãe, que cantava na igreja em que a família frequentava. Sua primeira apresentação foi aos 6 anos e nunca mais parou! Conheça um pouco mais deste talentoso e carismático cantor na entrevista completa abaixo.

Juh, como aconteceu seu primeiro contato com a música?

Juh Almeida: A música sempre esteve presente no meu convívio familiar desde muito cedo. Me lembro nos dias de chuvas torrenciais de São João do meu avô colocar a vitrola com músicas cristãs para tocar. Isso nos acalmava e ajudava passar o tempo em meio à tempestade. Minha mãe sempre foi e é uma grande mulher, sendo a grande responsável por estimular o meu desejo pelo canto e pela música cristã. Ela me apresentava as cantoras e cantores com as vozes mais poderosas do meio evangélico da época como Shirley Carvalhaes, Lauriete, entre outros. Ela foi quem percebeu minha afeição com o canto e foi através dela que me apresentei pela primeira vez aos 6 anos de idade na igreja.

Como aconteceu essa influência de sua mãe?

Minha mãe sempre cantou na igreja e nos cultos que frequentávamos e eu ficava admirado de vê-la cantar. Com o tempo ela começou ensaiar alguns hinos em dueto para cantarmos juntos. Ela também foi quem me ensinou três notas no violão e a partir daí eu me interessei pelo instrumento. Claro que tinha também os meus tios que tocavam e cantavam e meu avô, que tocava bandolin, provavelmente isso também me estimulou muito. Me lembro de ganhar da minha tia um livreto com músicas cristãs da época que vinham cifradas com os quadrinhos explicativos e foi dali que aprendi sozinho a tocar várias músicas inteiras no violão.

Entrega nos palcos: Juh Almeida durante uma de suas inúmeras apresentações em Festivais

Quando decidiu que seguiria a profissão de cantor?

Cantar profissionalmente nunca esteve nos meu planos. A princípio, meu sonho era ser engenheiro civil, mas a música começou a tomar proporções bem maiores e com o tempo foi tomando o lugar dos meus sonhos posteriores. Foi por volta dos meus 19 anos, mais ou menos, que comecei a trabalhar com animação de festas para crianças com a saudosa Rosangela Nogueira, mais conhecida como Tia Ro. Ela me incentivava a cantar para as crianças as cantigas de roda, serestas, etc. Me lembro de ela me dar uma fita K7 com algumas músicas, entre elas “Como nossos pais”, “ Escrito nas estrelas”, “Corsário” e algumas outras. A partir daí comecei pesquisar outros nomes além de Elis Regina e Gal, as quais sou fã. Muito embora me dissessem que eu tinha uma voz parecida com a do Ney Matogrosso, eu sempre gostei mais das cantoras, como: Zizi Possi, Tetê Espíndola, Marisa Monte, etc. Consequentemente comecei ouvir também as cantoras internacionais como Aretha Franklin, Donna Summer, Cissy Houston, Natalie cole, Chaka khan, Anita Baker e muitas outras, principalmente Celine Dion que sou super fã.

Você fez algum curso específico de canto/voz, etc?

Na minha época de adolescência sempre cantei em grupos e isso me ajudou muito com a percepção musical e vocal, mas depois de algum tempo comecei a ter aulas com um professor de canto lírico de São João chamado Zezinho, um professor muito requisitado por todos que queriam ter aulas de canto. Logo passei a cantar no Coral Elohim, com o Maestro Estevão e a Maestrina Sara Ramos, que também ministravam técnica vocal. Depois desse período eu fui para São Paulo para participar do Curso de Formação para Atores de Musical. Lá aprendi dança, interpretação e canto voltados para essa formação de um ator completo. Aprendi a conhecer melhor a meu instrumento vocal e desenvolvê-lo.

Como aconteceu sua primeira apresentação? Que lembranças têm desse dia?

Me lembro de ouvir minha mãe dizer que pediu oportunidade para o pastor me deixar cantar um louvor no culto principal do domingo. Lembro que ensaiei a semana toda e ouvia a música várias vezes até decorar. Cantava como se fosse a própria gravação original da cantora, uma voz ainda infantil, mas com muito desejo. No dia da apresentação, minha mãe me arrumou de calça social e camisa, tudo muito bem passado, cabelo bem penteado, sapatos brilhando. Na igreja, me lembro de ser um dia de calor, tinha muitos membros e quando fui chamado, percebia todos os olhos me observando, mas nada passava pela minha cabeça, só a vontade de cantar. Senti uma forte sensação de timidez me tomar, mas na hora lembrei da minha mãe dizendo: “ Se sentir vergonha feche os olhos e cante!”. E foi o que fiz. Me lembro de darem a introdução, tudo ao vivo, guitarra, baixo, bateria e teclado, e eu com o microfone, concentradíssimo para não perder a hora da entrada. E foi quando dei a primeira nota que todos pararam para me ouvir, quando no ápice da canção todos se alegraram e cantavam junto. Foi maravilhoso. A música “Ditosa Cidade”- Shirley Carvalhaes, no auge do seu lançamento, já era um sucesso. Desde então nunca mais parei de cantar.

E qual foi o show que mais o emocionou?

Foi num período inicial de meu conhecimento da música secular que conheci o músico Eduardo Luciano. Ele me ensinou e me mostrou muitos cantores e compositores que eu nem imaginava existir. Foi ele também quem me ajudou a produzir meu primeiro show intitulado “Minha voz, minha vida” – em homenagem a canção de Caetano Veloso interpretada pela Gal Costa.  Nesse show eu interpretei canções muito lindas, de uma maneira única. Me lembro de cantar pela primeira vez “Porto Solidão”, e foi aí que me vi ainda mais apaixonado pela música e as formas de interpretá-la.

Participação na Orquestra Jazz Sinfônica de São João: ” Os sentimentos transmitidos pela orquestra, pra mim, são mais profundos, mais intimistas e, claro, clássicos

Você também participa de apresentações junto a Orquestras, inclusive a Jazz Sinfônica de São João. Como aconteceu este convite? Você já conhecia o Maestro Agenor?

São João tem muitos artistas incríveis e há muito tempo tínhamos apresentações beneficentes com o Projeto Alfa, através do também saudoso Osmar Garcia, que movimentava esses shows em prol a várias entidades para menores e crianças portadoras de câncer. Com isso ele sempre reunia muitos cantores, incluindo a mim. Numa dessas apresentações, que incluía o show de aniversário do Jornal “O Município”, também de São João, fomos convidados a cantar com a Orquestra Jazz Sinfônica. Até então eu já havia ouvido falar muito sobre o Maestro Agenor, mas ainda não o conhecia pessoalmente, mas depois, ele passou a me chamar algumas vezes para cantar com a orquestra e assim sempre que possível ele me chama para as apresentações, seja em Poços na Sinfonia das Águas, ou em outras cidades, sempre em grande estilo.

É diferente cantar ao som de uma orquestra e de uma banda?

Quando cantamos com uma banda tudo precisa estar organizado, preparado e ensaiado, mas sempre há espaço para um improviso. Já com a orquestra não: o que está escrito é o que vai acontecer. Portanto, são dois mundos um pouco, só um pouco diferente, pois ambos requerem precisão e ensaio, além de conhecimento musical muito bons. Os sentimentos transmitidos pela orquestra, pra mim, são mais profundos, mais intimistas e, claro, clássicos. Com a banda tudo fica mais popular, o sentimento ainda que profundo se torna mais eufórico, mais externo.

Quem te assiste pode notar sua entrega no palco. Quais sentimentos a música e o cantar te despertam?

Eu sempre tento transmitir o meu melhor para quem me vê e ouve, pois é o que eu recebo da música quando canto e quando ouço música. Fico lisonjeado em saber que a alegria está no meu canto. Eu tenho muito cuidado com as letras do que ouço e do que canto e gosto de cantar. Nem tudo que eu canto é o que eu realmente gosto, mas quando estou cantando, não estou ali só por mim. Tento manter-me sempre puro com relação às músicas com intenção de cunho sexual, o sexo é legal, mas ele é íntimo. Músicas que falam somente de relacionamentos falidos e curtição atoa, são pequenos pra mim, nesse meu mundo musical eu preciso ir além.

Há algum gênero musical que você adore cantar?

O meu interesse musical sempre esteve voltado às interpretações, aos timbres de cantoras americanas negras – e algumas brancas também – claro que no Brasil temos cantoras incríveis, mas que não fazem o devido sucesso. Eu adoro o gospel e o blues de cantoras como Aretha Franklin, que são desenvolvidas para a exploração da voz do cantor, no limite de seu sentimento e desempenho.  Algumas vezes me realizo nos meus shows cantando “Sweet love” – Anita Baker, um sucesso que muitos não conhecem, mas se agradam da musicalidade.

Além de cantar, você tem mais alguma profissão?

Durante muitos anos trabalhei como cabeleireiro, tinha meu próprio salão e fazia muitas noivas e madrinhas felizes. Recentemente, trabalho no Samu como atendente. Às vezes me perguntam se eu saio para socorrer as pessoas nas ruas, eu nego e explico que não daria conta de passar fortes emoções desse tipo.

Juh na belíssima apresentação da Banda NighTime no Réveillon tricolor: talento, alegria e carisma ao palco

O que você espera deste 2020?

Espero poder fazer mais músicas, espero me formar na faculdade, espero poder ver mais meus parentes e amigos. Eu sempre acreditei muito em Deus, e espero que todos vejam através do meu canto o quanto eu creio nesse Deus maravilhoso que nos sustenta dia após dia.

Você tem muitos fãs aqui em Rio Pardo. Poderia deixar uma mensagem a eles?

Mais que meus fãs, meus amigos. Povo maravilhoso e festeiro de ‘Sanzé’. Sempre me sinto em casa quando estou aí. Desejo a todos um excelente Ano Novo, muita saúde, amor e paz. Muita música boa e muitas festas. E muito obrigado a todos pelo carinho!

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