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Comportamento: Por que os homens cuidam menos da saúde do que as mulheres?

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A psicóloga Ana Amélia Junqueira Capuano explicou que isso ocorre principalmente por fatores culturais e comportamentais

Entrevista e texto: Natália Tiezzi

Cuidar da saúde é algo que deveria ser corriqueiro e fazer parte do cotidiano, mas com a população masculina não pe bem assim. Não apenas em razão da campanha Novembro Azul, voltada à conscientização ao câncer de próstata, mas para alertar os homens sobre a importância da prevenção a inúmeras doenças, o www.minhasaojose.com.br conversou com a psicóloga Ana Amélia Junqueira Capuano.

Durante a entrevista, ela explicou que os principais motivos que levam os homens a não cuidarem da saúde são questões culturais e comportamentais.

Além disso, há medos e tabus que ainda precisam ser quebrados como, por exemplo, o preconceito ao exame de toque e o ‘achismo’ de que somente as mulheres precisam se cuidar por serem mais ‘fragéis’.

E por falar nelas, a psicóloga disse que as esposas, namoradas, companheiras têm papel fundamental para convencer os homens a cuidarem da saúde, inclusive acompanhando-os nas consultas e exames, o que os deixa mais seguros.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.

Ana Amélia, por que os homens ainda cuidam menos da saúde do que as mulheres?

Na realidade trata-se de uma questão cultural. Os homens apresentam menor frequência a consultas médicas preventivas, hábitos alimentares piores, maior ingestão de bebida alcoólica e uso mais frequente de cigarro, que aumentam as chances de serem acometidos por doenças cardíacas, infecções e cânceres.

Essa diferença se reflete em números, onde as mulheres vivem mais do que os homens em quase todas as partes do mundo. E tem sido assim nos últimos 100 anos. No Brasil, a expectativa de vida dos homens é de 72,5 anos, enquanto a das mulheres é de 79,6 anos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O exame de toque retal ainda é um tabu para os homens? Por quê?

Sim, o exame de toque retal, ainda é considerado um grande tabu, entre a classe masculina.  O preconceito é a maior barreira na realização do exame, pois para muitos o procedimento “fere a masculinidade”.  É preciso, portanto, desconstruir esse empecilho.  Nesse sentido, é fundamental trabalhar o psicológico das pessoas para que compreendam que é um exame como qualquer outro e o que está em jogo é a saúde.

Segundo a psicóloga, a mulher tem papel fundamental nos cuidados com a saúde do homem: incentivo e acompanhamento às consultas e tratamentos

Nestes casos em que há bloqueios e recusas ao realizar o exame, o que você aconselharia?

A conscientização e a prevenção da doença é chamar a atenção para a necessidade de se diagnosticar de forma precoce o câncer de próstata que é sem dúvida o maior objetivo da Campanha Novembro Azul. É preciso, portanto, promover a compreensão e entendimento a respeito da importância da prevenção, de forma a aproximar as pessoas desse tema e quebrar essas barreiras que as impedem de realizar o exame. O psicólogo, assim como o médico, são pessoas que podem ajudar neste processo de entendimento, ajudando na importância e na conscientização do exame e do autocuidado em geral.

Como a família pode ajudar os homens a vencerem o preconceito, o medo e cuidarem mais da saúde?

É muito importante o envolvimento da família, nas consultas médicas para mantê-los mais próximos dos serviços de saúde e exames de rotina. As mulheres, além de ter maior autocuidado, cumprem papel fundamental na rotina da saúde masculina, dando a eles apoio e segurança. Elas muitas vezes são as responsáveis por marcar consultas, participar e garantir que o tratamento será realizado de forma correta.

E quando já há um diagnóstico de câncer de próstata. A terapia é aconselhável desde o início do tratamento da doença?

Após o diagnóstico do câncer de próstata é de extrema importância que o paciente tenha um acompanhamento com um psicólogo, isso porque a doença não só afeta o corpo, mas também a mente, mexendo com a autoestima, a sexualidade e outros aspectos muito importantes.  O câncer tem grande impacto sobre a vida da pessoa e seus familiares, o acompanhamento psicológico pode auxiliar nessa fase difícil que gera tanta angústia, medo e incerteza.

Como as terapias ajudam esses pacientes?

O acompanhamento psicológico é fundamental! A terapia tem por objetivo manter o bem estar emocional, bem como identificar e compreender os fatores psicológicos que estão interferindo em sua saúde. O psicólogo buscará prevenir e reduzir os sintomas emocionais e físicos causados pelo câncer e seu tratamento, auxiliando o paciente na busca de um significado em meio ao processo que ele está vivendo. Além disso, o psicólogo realizará acolhimento e escuta, sem julgar ou criticar o paciente. E também poderá auxiliar os familiares do paciente nesse processo, pois a família também pode passar por momentos de grande angústia.

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