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Profª. Carla e o Ensino Remoto: “Estamos vencendo a cada aula on line”

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Há 24 anos na Educação, ela falou sobre as dificuldades que enfrentou, principalmente para exercer a profissão diante das câmeras

Entrevista e texto: Natália Tiezzi

O Ensino Remoto revolucionou a Educação nestes últimos meses, entretanto, não apenas os alunos e pais, mas também os professores passaram e ainda estão passando por uma grande adaptação, já que a única maneira de continuar os estudos foi on line. E como tudo o que é novo assusta um pouco, os mestres, sem dúvida, foram os que mais sentiram os efeitos dessa necessária ‘separação’ de seus alunos.

Uma das professoras que vivenciou até mesmo alguns dramas para se adaptar à essa nova forma de ensino foi Carla Renata Scorza dos Santos, uma pessoa apaixonada pelo Magistério e que após mais de 20 anos ministrando aulas presenciais se viu diante de um seus maiores desafios: ensinar diante das câmeras.

Ao longo da entrevista, a professora também contou um pouco de sua trajetória na Educação rio-pardense e, claro, a satisfação em ter conseguido, aos poucos, superar as dificuldades que chegaram junto ao Ensino Remoto neste momento de Pandemia. “No início eu realmente não acreditava nas aulas on line. Mas, ao ligar a câmera e ver aqueles rostinhos me esperando para ser ponte de conhecimento decidi que daria certo e que me empenharia ao máximo para que, mesmo distante, eu pudesse estar próxima dos meus alunos a cada conteúdo apresentado nas lives”, destacou Carla.

Carla deixou um importante recado aos pais para enfrentarem esse momento junto aos filhos. Confiram na entrevista, na íntegra, abaixo.

Carla, sua paixão pelo Magistério é notável. Mas, quando começou esse desejo de ensinar?

Carla Renata Scorza dos Santos: Desde muito pequena já era ‘professora’ das minhas bonecas e a cada dia a paixão pela profissão aumentava. Conclui o 8º ano e já me matriculei no Magistério e saí a procura de estágio. Desde então iniciei minha carreira, sempre me dedicando e me doando à essa profissão que amo tanto.

Há quanto tempo leciona e para quais séries?

Estou na Educação desde 1996 e inicie meu estágio onde permaneci durante 4 anos na Prefeitura. Depois comecei a substituir na Zona Rural e fui para a Educação Estadual. Há 4 anos estou no Colégio Unigrau Rio Pardo. Durante esse período sempre trabalhei com 2º e 3º anos do Ensino Fundamental 1, porém, no ano de 2019 trabalhei com o 4º ano na disciplina de Matemática: foi uma experiência nova pela qual gostei muito.

Qual foi sua maior dificuldade na mudança para o Ensino Remoto?

Minha maior dificuldade nestes tempos de Pandemia foi gravar as aulas remotas, as câmeras me traziam um grande bloqueio e a minha maior preocupação era como ficar distantes dos alunos sabendo da necessidade de estar próxima. A todo momento buscava estratégias para deixar as aulas mais próximas possíveis da sala de aula, mesmo com toda dificuldade que tinha à frente das câmeras.

Como superou essa dificuldade? Você necessitou de auxílio profissional?

No primeiro momento tentei ser forte, mas me veio uma sensação de incapacidade que tomou conta do meu eu. Acabei precisando de ajuda de um profissional, que foi me mostrando que eu não era a única pessoa que estava passando por aquele momento, e também que precisaria entender que o Ensino Remoto era a única opção que tínhamos para aquele momento. Comecei a lutar com minhas incertezas, mostrando que eu era capaz e que Deus estaria ali do meu lado. Neste momento foi quando começamos a realizar as aulas em lives: eu via aqueles rostinhos que ali estavam à minha espera e senti que não podia desistir de algo que sonhei tanto: eu acreditei que tudo daria certo. E assim estamos nos superando a cada dia!

Carla disse que uma das maiores dificuldades foi estar distante da sala de aula e, claro, dos alunos: “foi uma difícil adaptação”

Superadas as dificuldades, como está sendo essa nova experiência com as aulas on line?

É algo muito novo, ninguém imaginava passar por isso, mas as crianças se adaptaram muito rápido. Na verdade é uma surpresa a cada dia abrir uma live e encontrar aqueles rostinhos lindos te esperando para algo novo, com sede de aprender coisa novas. Nos emociona saber o quanto aqueles momentos são importantes para eles, pois o contato com os amigos e a professora são momentos únicos. Quantas coisa eles querem contar, muita troca de experiências nesses momentos, mesmo on line, que jamais serão esquecidos pelas nossas crianças.

O que é o melhor e o que é o pior no Ensino Remoto?

O melhor é saber que nossas crianças estão protegidas em casa, ao lado de seus familiares e aprendendo, cada um à sua forma e tempo. O pior é quando encontramos uma dificuldade com nossos alunos e não conseguimos auxiliar, mesmo tentando todas as hipóteses possíveis. Esses momentos sentimos a necessidade de estarmos juntos em aulas presenciais.

O que você diria aos pais dos alunos que, muitas vezes, sentem-se desmotivados e não acreditam no Ensino Remoto?

Que todos os pais tenham paciência, evitem discutir e tomem cuidado com a cobrança excessiva às crianças. Vamos pensar: Assim como toda família, eles também estão sobrecarregados com a situação do isolamento e se já é difícil para o adulto imagine para eles que não podem encontrar os amigos, ir à escola, ao clube… Este não é o momento para impor que sejam excelentes alunos, que precisam terminar as tarefas junto com os amigos. Cada criança precisa de um tempo e e respeitarmos esse tempo é muito importante! Devemos acolher os nossos filhos, ouvir suas dificuldades. Mostrar a eles que tudo isso vai passar e que estamos junto deles para enfrentarmos essa nova experiência, pois nesse momento devemos cuidar da saúde física e principalmente da saúde mental.

Depois de todas as novas experiências, você acredita que o professor deve ser, realmente, um eterno aprendiz?

Sempre… pois estamos sempre procurando uma nova estratégia, sempre se reinventando, sempre pensando a melhor maneira para atender as nossas crianças.

Para concluir, qual é o seu maior sonho para a Educação no futuro?

Primeiramente que tudo isso acabe, que nossas crianças estejam bem e que consigam guardar somente os momentos bons diante desta Pandemia. Além disso, que se acredite mais no potencial de cada aluno. Como disse e repito: cada criança tem seu tempo para aprender, mas aprenderá… E nós, enquanto pais e professores, que não abandonemos nenhum filho e aluno pelo caminho.

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