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Dia da Enfermagem: Juliana Flausino fala sobre os 20 anos de profissão

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A enfermeira destacou que o mais prazeroso da carreira é poder expressar toda dedicação, cuidado, respeito e amor ao próximo

Entrevista e texto: Natália Tiezzi

Neste 12 de maio, Dia da Enfermagem, o www.minhasaojose.com.br faz uma homenagem especial a todos os enfermeiros e enfermeiras, verdadeiros heróis e heroínas, que, por trás dos jalecos, mostram diariamente a importância do apoio, do cuidado, da empatia e respeito ao próximo, principalmente neste período de pandemia, onde eles se tornaram mais ‘visíveis’, justamente por serem indispensáveis à sociedade.

E, para contar um pouco dessa complexa e prazerosa profissão, tida como um sacerdócio para quem a pratica em sua essência, com amor, ética e zelo, uma enfermeira muito querida e respeitada pelos rio-pardenses, Juliana Marcela Flausino.

Graduada pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP), ela possui especialização em Oncologia também pela EERP-USP e em Saúde da Família pela Unicamp, e é mestre pelo Programa de Pós Graduação e Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP.

Juliana iniciou sua carreira em 2001, quando, recém formada recebeu um convite da saudosa Eliana Merli Giantomassi para atuar na Saúde Pública Municipal, de onde, aliás, nunca mais se afastou, tamanha é sua paixão pelo que exerce, o que faz a diferença não apenas em sua carreira, mas na vida de milhares de pacientes que por suas mãos já passaram.

Ao longo da entrevista, a enfermeira falou um pouco sobre esses trabalhos na Rede Pública e também no exercício do Magistério, já que foi professora do curso técnico de Enfermagem na Fundação Educacional e de Enfermagem na UNIFEG.

Ela também citou momentos significativos que teve na carreira, pacientes que lhe marcaram e confessou que é difícil ser um bom enfermeiro. “Não é fácil ser um bom enfermeiro. Você precisa estudar muito, já que a área da Saúde é muito dinâmica; tem que ser ético, resiliente, pró-ativo, comprometido, se interessar, se colocando realmente no lugar do outro. E isso, muitas vezes, é difícil”, ressaltou.

Conheça um pouco mais dessa grande profissional da Enfermagem rio-pardense na entrevista, na íntegra, abaixo.

Juliana junto aos alunos do curso Técnico de Enfermagem da Fundação Educacional em ação da Saúde na Praça XV de Novembro

Juliana, por que optou pela Enfermagem? Você teve alguma influência de familiares, amigos?

Juliana Marcela Flausino: Eu sempre brinco que foi a Enfermagem que me escolheu! Desde cedo eu sempre tive curiosidade e interesse por temas relacionados à Saúde e sempre gostei de estar próxima às pessoas, em querer ajudar. Aí veio o vestibular, acabei conhecendo um pouco de cada profissão da área da saúde e resolvi arriscar a Enfermagem e me encontrei. Não tive influência familiar ou de amigos na escolha. Minhas referências sempre foram meus professores. Enfermeiro é um profissional na maioria das vezes muito ético, acolhedor e dedicado, não tem como não se apaixonar. Através da minha profissão posso expressar toda minha dedicação, cuidado, respeito e amor ao próximo. Às vezes eu não durmo a noite, eu estudo para conhecer a dor, as medicações, a humanização, entre tantas outras coisas que é fundamental saber para que não haja nenhum erro durante seu exercício.

Qual foi seu primeiro emprego na área? Onde já atuou e qual é seu emprego atualmente?

Meu primeiro emprego foi na Saúde Pública de São José mesmo, em 2001. Mal tinha me formado e recebi um convite da Eliana Giantomassi para vir trabalhar aqui, pois na época ela tinha um projeto de fortalecimento da rede de saúde municipal e eu iniciei como responsável da Vigilância Epidemiológica e Vacinação. Recém formada também assumi o desafio de ser professora do Curso Técnico em Enfermagem da Fundação Educacional, onde participei da formação da maioria dos técnicos que trabalham por aqui e na região. O projeto da Eliana era algo muito grandioso na época e logo veio a oportunidade de fazer parte da equipe de Saúde da Família do Vale do Redentor. Na época só tínhamos PSF no Vale e Cassucci e foi nessa área de atuação que acabei me capacitando mais. Saí da ESF para fazer o mestrado, pois era muito complicado conciliar horários e na época fiquei só na docência, me dividindo com a Fundação e o Unifeg, onde dei aula para o curso de Bacharelado em Enfermagem. Logo que terminei o Mestrado recebi outro convite para atuar na ESF aqui: o coração falou mais alto e voltei!. Comecei o Doutorado, mas não consegui concluir devido à maternidade, mas um dia eu concluo (risos). Acabei descobrindo que além da assistência eu gosto muito da gestão. A formação do enfermeiro está muito voltada para a administração e para o planejamento e com esse conhecimento atuei como Articuladora da Atenção Básica, ano passado. E bem no início da pandemia assumi o cargo de Secretária da Saúde. Hoje estou como Diretora Administrativa da Saúde.

Qual foi o momento mais importante de sua carreira?

Um dos momentos mais marcantes na minha carreira foi ter sido Secretária da Saúde e poder exercer uma posição de liderança e governança para minha classe profissional e toda área da Saúde no enfrentamento da pandemia. Isso foi muito importante e significativo para mim.

Ao longo de sua trajetória na Enfermagem, algum paciente lhe marcou? São muitas histórias, mais que pacientes são vidas que foram confiadas a mim, todos profissionais que já trabalhei em equipe, que sorrimos e choramos juntos, tantos alunos que contribui na formação, portanto seria injusta em lembrar só de um, mas vou relembrar uma bem lá do comecinho da minha formação, quando fui fazer estágio na UTI Neonatal do HC de Ribeirão Preto. Era um setor onde os bebês eram tão vulneráveis que eu ficava morrendo de medo de toca-los… Cuidei desde do início de gêmeas, a Lara e a Luara, com prematuridade extrema, eram uns ‘cisquinhos’ as bebês e ver a evolução delas dia a dia me deixava muita segura de que era capaz e que estava na profissão certa; que era de cuidar do próximo que eu gostava. A mãe das bebês me esperava todo dia para ter notícias e foi muito gratificante ver aquela mãe, certo dia, saindo com as bebês no colo para casa.

O que é o melhor e o que o pior em ser Enfermeira?

O melhor da minha profissão é o cuidar, você ter a oportunidade de participar do processo de promoção da saúde, de prevenção de doença, de reabilitar, desde o bebê até o idoso, você conseguir realmente fazer a diferença na vida de indivíduos, famílias, comunidades. Também tem a questão do mercado profissional, pois é uma carreira que sempre tem portas abertas, a inclusão no mercado de trabalho é garantida. Por outro lado, é quem está 24 horas ao lado do paciente, então são longos turnos de trabalho, em finais de semana, feriados e apesar de ter muita vaga no mercado, a remuneração deixa a desejar.

Juliana, a última sentada da esquerda para a direita neste registro, também com seus alunos

Diante da Pandemia, a Enfermagem se tornou uma profissão mais valorizada e reconhecida ou não?

Mais reconhecida sim, somos a grande maioria na linha de frente de combate a COVID-19, representando mais de 50% da força de trabalho na área da Saúde, porém valorização ainda não. Está em trâmite o PL 2.564/2020, que institui piso salarial e jornada de trabalho justa para nossa categoria, e, entre auxiliares, técnicos e enfermeiros, a Enfermagem tem mais 2.486.585 profissionais, porém não temos uma representatividade política forte.

Atualmente, qual é a maior dificuldade dos profissionais em exercer a Enfermagem?

A maior dificuldade é a insegurança, não entender até hoje como age ao certo o Coronavírus, mais de 80% da Enfermagem é composta por mulheres, que deixam seus lares para cuidar do próximo e correndo o risco de adoecerem, de contaminar seus filhos, maridos, isso está mexendo com saúde mental da grande parte dos profissionais da enfermagem. Por isso, sempre fazemos um apelo à população para se cuidar, reforçar o uso das máscaras, manter o distanciamento social e lavar muito bem as mãos, pois vocês se cuidando, estão cuidando de nós também!

E o que é ser uma boa Enfermeira?

Não é fácil ser um bom enfermeiro, você precisa estudar muito, a área da saúde é muito dinâmica, tem que ser ético, resiliente, pró-ativo, comprometido, se interessar, se colocando realmente lugar do outro, que na grande maioria das vezes você nem vai saber ao certo quem é. Ainda  precisa ser motivado e espelho para toda uma equipe.

Qual é a maior satisfação em ser Enfermeira?

Ter o privilégio de poder me dedicar à Saúde e respeitar a vida.

Juliana, para finalizar, gostaria que deixasse uma mensagem aos seus colegas de profissão em alusão ao Dia da Enfermagem

A enfermagem é a arte de cuidar e nós somos os artistas dessa ciência complexa e indispensável na saúde. Que todos os dias sejam de homenagem e respeito à nossa classe!

Neste registro com a cunhada, a também enfermeira Gisele dos Santos Flausino, uma grande companheira de profissão e trabalho
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