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Capitão Carlos Roberto Negrini conta sua trajetória de 23 anos na Polícia Militar

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Ele atuou por 10 anos diretamente em São José do Rio Pardo e disse que escolheu aqui para residir e constituir sua família

Entrevista e texto: Natália Tiezzi

Uma pessoa muito querida por toda sociedade rio-pardense e região, seja pela atuação profissional, seja pela gentileza e humildade às quais sempre tratou os cidadãos. Nossa reportagem destaque dessa semana traz um pouco da história do Capitão Carlos Roberto Negrini, que completou 23 anos de trabalho na Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Aos 41 anos, Negrini possui, além das formações específicas à sua área de atuação, sendo bacharel em Ciências Policiais pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco e mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar do Estado de São Paulo, também é especialista em Direitos Humanos e Polícia Judiciária Militar, bacharel em Direito pela Universidade Bandeirante de São Paulo e cursou técnico em contabilidade pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.

A dedicação aos estudos para aprimorar seus conhecimentos sempre foi e é uma característica do Capitão, que aos 18 anos foi aprovado no concurso para o Curso de Formação de Soldados.

Na entrevista, Negrini contou os motivos que o levaram a se dedicar à Polícia Militar, o que há de melhor e o que há de pior na profissão, além de seus planos futuros na Corporação.

O Capitão também mencionou algumas lições que aprendeu ao longo dessas mais de duas décadas na PMESP. “É uma profissão que nos propicia a experiência da humildade e possibilita a cada dia crescermos como ser humano”, afirmou.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.

Capitão Negrini, em 2004, na formatura na academia de Polícia do Barro Branco

Capitão Negrini, o que o levou a optar pela carreira na Polícia Militar? Quando e onde iniciou seus trabalhos na corporação?

Capitão Carlos Roberto Negrini: Desde criança sempre admirei o trabalho da polícia e tinha amigos policiais militares em Itobi, município onde morava, entre eles o Cb PM Correia (Correinha do Proerd, atualmente aposentado) que voluntariamente ministrava instrução de educação física para as crianças da Guarda Mirim da cidade. Isto talvez tenha influenciado. Em 1997, com 18 anos, fui aprovado no concurso para o Curso de Formação de Soldados.

Em quais Batalhões o Capitão já prestou seus serviços ao longo da carreira e onde atua neste momento?

Trabalhei de 1998 a 2000 como soldado no 24º BPM/I, com sede em São João da Boa Vista. De 2001 a 2004, na Academia de Polícia Militar do Barro Branco em São Paulo, frequentei o Curso de Formação de Oficiais. De 2004 a 2006, como Tenente, trabalhei no 9º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, na Zona Norte de São Paulo. De julho de 2006 a agosto de 2016, trabalhei como Tenente no 24º BPM/I, quando fui promovido ao posto de Capitão. Com a promoção a Capitão fui classificado no 36º BPM/I, em Limeira. De abril de 2017 até a data de hoje estou exercendo a função de Comandante da 3ª Companhia de Mococa, que também abrange os municípios de São José do Rio Pardo, Caconde e Tapiratiba.

Por quantos anos o sr. atuou junto à PM em São José do Rio Pardo?

Atuei diretamente em São José do Rio Pardo por dez anos (2006 a 2016) como 2º e 1º Tenente e agora na 3ª Companhia desde 2017. Tenho São José como um lugar especial em minha vida. Vim para cá recém-casado e fui muito bem acolhido pela comunidade. Foi onde escolhi para morar e constituir minha família. Moro aqui há mais de 14 anos e aqui pretendo continuar morando. Já me sinto um rio-pardense de coração!

Em todos esses anos o Capitão já vivenciou algum momento especial que o tenha marcado como pessoa e profissional na PM?

Na atividade policial todos os dias vivenciamos momentos especiais. Vivemos momentos extremos entre vida e morte, desde salvar pessoas em perigo extremo das mãos de criminosos, auxiliar em partos, salvar crianças engasgadas até participar de ocorrências que tiveram resultado morte, quer seja de civis, de policiais ou de infratores da Lei. Estes momentos nos levam a reflexão e cada um deles vai marcando e forjando como pessoa e profissional.

O que é o melhor e o que o pior em ser Policial Militar?

Acredito que o melhor e o pior em ser policial militar se resume a uma frase ou ação: “Lidar com pessoas”. O policial militar no dia a dia lida com todo tipo de pessoa. Nossa missão é servir e proteger as pessoas de bem das pessoas ruins. O pior é saber até onde vai a capacidade do ser humano em fazer o mal, contudo é gratificante saber da nossa missão e do privilégio dado por Deus em poder proteger as pessoas de bem e aplicar a lei.

Qual foi a maior lição que aprendeu na PM e que leva para sua vida?

Aprender a ter humildade em servir e tratar com respeito todas as pessoas, independentemente de raça, sexo, cor, língua, credo, opinião política, nacionalidade ou situação sócio-econômica. É uma profissão que nos propicia esta experiência e possibilita a cada dia a crescer como ser humano.

Em uma das milhares de operações que já participou. Nessa com o apoio do helicóptero Águia da PM em Mococa

O Capitão tem duas filhas. Gostaria que elas também seguissem a carreira militar?

Difícil responder. O coração diz que não, pois sei dos obstáculos e dificuldades que elas irão enfrentar. Se elas escolherem tal carreira, com certeza irei apoiar.

Quais as perspectivas para o seu futuro na Polícia Militar?

A polícia, assim como nossa sociedade, é feita de ciclos e fases que mudam ou são influenciadas por acontecimentos, repentinos ou inesperados, dos mais variados. Vide a expediência que vivemos este ano com a pandemia do corona vírus que mudou a forma de vida de praticamente todas as pessoas do planeta. Foi um aprendizado muito grande. Na carreira militar temos as promoções que vem com o tempo de serviço e por estudo. Num panorama normal eu seria promovido a major em 5 ou 6 anos, podendo com a promoção e disponibilidade de vaga ensejar em transferência para outras localidades. Assim, o que tenho em mente é, independente de onde trabalhar, fazer sempre o melhor.

Qual a principal característica de um bom policial?

Na Instituição temos policiais das mais variadas habilidades e qualidades e isso é bom porque temos muitas atividades específicas. Na minha opinião, na essência, um policial militar tem que ser resiliente física e psicologicamente, comunicativo, empático e de fácil trato com as pessoas, proativo na resolução dos problemas, leal aos valores institucionais e conhecedor das normas, disciplinado e disciplinador, ter bom tirocínio e colocar sempre os interesses públicos em detrimento dos particulares.   

Para finalizar, que mensagem o Capitão deixaria para os jovens que sonham ser policiais militares?

A Polícia Militar é uma instituição extraordinária, formada por mulheres e homens valorosos e abnegados. Nestes tantos anos na corporação tenho observado que, geralmente, os candidatos à carreira policial têm três motivações básicas (não necessariamente todas) para ingressar em uma corporação: 1) Interesse financeiro e profissional (emprego com estabilidade), 2) sonho e entusiasmo com um ideal de profissão policial e 3) identificação com o trabalho realizado na atividade policial. Eu vejo que para ser policial tem que ter vocação. Esta vocação para ser policial militar é algo muito subjetivo que só quem é ou vive com um policial para entender. Independente dos motivos que levem o jovem a se interessar pela carreira policial, ele tem que ter em mente que vai ser uma missão árdua, com carga horária irregular e instável, lidando com todo tipo de pessoas, exige resiliência e capacidade física e emocional. Mas ao mesmo tempo é muito gratificante. Levo muito comigo uma frase do Dr. Aldo Fagundes, ex ministro do Superior Tribunal Militar: “A farda é leve para quem a veste por vocação, mas é um fardo insuportável para aquele que não compreendeu a missão para a qual prestou juramento solene”.

Negrini com os pais, a esposa e as duas filhas
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