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Bruno Montanheiro: O ‘Gigante’ das quadras fala como superou o preconceito ao nanismo

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Atleta paralímpico, além de futebol de salão, ele também pratica atletismo pela AREPID – Associação Rio-Pardense Esportiva e Paradesportiva do Idoso e Deficiente e pela Atlética UNIP

Entrevista e texto: Natália Tiezzi

Às vezes, na vida, o que temos de mais diferente é o que nos torna mais especiais. E foi exatamente a falta de alguns centímetros que fez com que Bruno Montanheiro se tornasse um ‘gigante’, não apenas das quadras, mas na forma de lidar com sua deficiência.

Ele foi um dos alunos selecionados para participar do PARADENS – Programa de Desenvolvimento Paralímpico do Estado de São Paulo e contou ao www.minhasaojose.com.br sua experiência como atleta paralímpico em duas modalidades: o atletismo e o futebol de salão.

Diagnosticado com nanismo aos sete anos, Bruno disse que enfrentou muito preconceito e também momentos difíceis na carreira de paratleta, principalmente quando sofreu uma lesão no joelho, o que o afastou dos treinamentos. Entretanto, o que poderia se tornar apenas um pesadelo acabou se transformando em uma oportunidade única para Bruno, um verdadeiro sonho, que ele fez questão de destacar na entrevista. “Estou esperando a convocação oficial da seleção brasileira de futebol de nanismo, a qual sou goleiro, para participar da 2ª Copa América de Futebol de Nanismo, que será realizada em outubro, no Peru, e a 1ª Copa do Mundo de Futebol de Nanismo, que será realizada no ano de 2022, em Buenos Aires, na Argentina”.

Além de páratleta, Bruno é estudante de Educação Física (Bacharelado) pelo Sistema EAD da UNIP Rio Pardo, que também é seu local de trabalho, onde é auxiliar de Biblioteca. Ele concluirá o curso superior neste ano e também já faz estágio na Academia Performance.

Bruno também fez questão de mencionar muitas pessoas que foram grandes incentivadoras em sua vida, entre elas o professor Sérgio Brás. “O professor Sérgio é um pai para mim. Um grande incentivador, motivador ao esporte paralímpico, seja no atletismo ou no futebol. Devo tudo que sou nos esportes a ele”, destacou.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra

Bruno, quando ocorreu seu diagnóstico de nanismo?

Bruno Montanheiro: Aos 7 anos de idade, quando estava na pré-escola, minha mãe me levou ao médico para saber o motivo de eu não desenvolver como uma criança normal. Aí veio o diagnóstico de nanismo.

Bruno junto ao professor Sérgio Brás: “Um grande incentivador, motivador ao esporte paralímpico, seja no atletismo ou no futebol. Devo tudo que sou nos esportes a ele”, disse

Você enfrentou preconceito por conta disso?

No começo foi muito difícil para mim porque, pois já existia um certo preconceito entre meus amigos de classe. Mas foi através do esporte que conquistei muito além de medalhas, mas um pouco de respeito e reconhecimento da sociedade diante do nanismo.

Por falar nisso, quando o esporte surgiu em sua vida?

Bom, comecei a jogar futebol de salão no ano de 2011 no DEC (Departamento de Esporte e Cultura), começando a jogar no time do Sampa Nova Geração, onde disputei meu primeiro campeonato de Futebol de Salão. Foi através dele que conquistei o “Troféu Revelação”, o 3º lugar entre os melhores goleiros do campeonato da cidade. Foi a partir daí que surgiu meu apelido “Gigante”. Meu primeiro técnico foi o Paulinho (Pelelé)!

Bruno (Gigante) goleiro da equipe Sampa Nova Geração em 2011

O como foi que iniciou também no atletismo?

Iniciei em junho de 2012. E, sinceramente, nunca pensei que minha vida de esportista fosse mudar tanto! Me tornei Atleta Paralímpico e passei a fazer parte da AREPID, sempre incentivado pelo professor e treinador Sérgio Brás. No atletismo vieram muitas conquistas entre elas nos Jogos Regionais, Fase Regional SP, Fase Nacional, Jogos Universitários (Pela Atlética da UNIP), Campeonato Brasileiro de Atletismo e Jogos Abertos do Interior.

E como aconteceu o convite para fazer parte da seleção brasileira de futebol de nanismo? Você imaginou que pudesse chegar tão longe?

Para chegar até a seleção tive que passar por um dos momentos mais difíceis da minha vida. Em 2019 sofri uma lesão no joelho esquerdo, com rompimento do menisco medial lateral. Competi o resto do ano lesionado porque não queria desistir, minha equipe precisava de mim, tinham que contar comigo lesionado ou não. No dia 14 de janeiro de 2020 fiz uma cirurgia na cidade de Ribeirão Preto para me recuperar desta lesão. Foram 3 meses sem andar, engordei 7 quilos porque não podia andar por causa da recuperação. Bem, aí veio a Pandemia, demorei para fazer minha recuperação, o que ocorreu após 5 meses que tinha voltado a andar aos poucos. Neste período consegui voltar a academia para fazer o Fortalecimento e Recuperação Pós Operatório e procurei o Robson Carlesso (Kid) da Academia Performance. Foram longos 6 meses de recuperação até voltar ao peso que me encontrava antes, no porte físico de atleta. Tudo começou a realmente mudar em agosto de 2020, quando fizemos um vídeo para mostrar minha recuperação e postamos na página da Academia. Esse vídeo foi visto  pelo Brasa Seleção – Seleção Brasileira de Futebol de Nanismo. Fiquei eufórico quando eles me mandaram solicitação para segui-los no Instagram e eu aceitei. No mesmo instante já vieram conversar comigo, perguntando se eu era Atleta Paralímpico e de onde eu era. Passei meu contato de telefone para eles, que entraram em contato comigo e comecei a participar do Grupo de WhatsApp, conhecendo o mesmo. Foi assim que comecei a fazer parte da seleção.

Quais as competições que pretende participar na seleção brasileira de nanismo?

Estou esperando a convocação oficial da seleção brasileira de futebol de nanismo, a qual sou goleiro, para participar da 2ª Copa América de Futebol de Nanismo, que será realizada em outubro, no Peru, e a 1ª Copa do Mundo de Futebol de Nanismo, que será realizada no ano de 2022, em Buenos Aires, na Argentina”.

Bruno, o último em pé à esquerda na primeira fila, com a equipe AREPID durante Jogos Regionais

E o que achou de São José sediar uma das etapas do PARADENS?

Achei maravilhoso o PARADENS aqui. Uma grande oportunidade de aprendizado. Esse evento é mais um incentivo para nossas carreiras. Nós, atletas, conseguimos quebrar todas as barreiras de nossas vidas em competições que vamos. Todos somos iguais, nossas amizades uns com os outros são verdadeiras. Isso nos fortalece para seguirmos nossas vidas aqui nesse mundo.

Você acredita que o esporte lhe ajudou a superar seus limites e enfrentar o preconceito?

Sim. Através do esporte conseguimos ganhar muito além de medalhas e quebrar recordes, mas o respeito perante à sociedade.

Para finalizar, o que diria aos portadores de necessidades especiais que também têm sonhos como você?

Eu diria aos portadores especiais que nunca desistam dos seus sonhos, pois eles podem se tornar realidade sim! Porém, temos que batalhar para conquista-los. Desistir jamais, isso nunca, ir até o fim para ser uma pessoa feliz, para que a necessidade especial não afete nosso interior e não abale nosso psicológico.

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