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“Mãe na pandemia”: Karina Maida fala sobre aceitações e mudanças na vida pessoal e profissional

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Durante esse período, a fisioterapeuta disse que necessitou de auxílio psicológico para se reorganizar à nova rotina e que isso lhe fez muito bem

Entrevista e texto: Natália Tiezzi

“Se tem uma coisa que todas nós, mães na pandemia, aprendemos é que não dá para programar a vida diante de uma situação nova a qual somos expostas”. Essas foram as palavras da fisioterapeuta Karina Maida Uchiyama, que, em entrevista ao www.minhasaojose.com.br contou os aprendizados, dramas e prazeres da maternidade durante a quarentena, que já dura quase um ano e meio.

Apesar de não ter sido mãe, propriamente dito, na pandemia, já que seu filho nasceu em dezembro de 2019, Karina considera que praticamente toda a experiência materna que teve até o presente momento foi a partir do decreto das medidas de prevenção e distanciamento social. E essa mudança repentina no cotidiano, não apenas por conta da chegada do filho, mas diante da quarentena, mexeu com a vida pessoal e profissional de Karina.

“Sempre fui uma pessoa muito regrada, que programava minha vida semana após semana, tudo muito controladinho. Sabia que com a chegada de meu filho João isso mudaria um pouco e confesso que já estava programando até isso, mas a mudança por conta da pandemia foi total em minha vida, inclusive a profissional, que era a que eu ‘mais controlava’, digamos assim”.

Para aprender a lidar com a nova rotina, principalmente de horários e afazeres, Karina não pensou duas vezes e buscou ajuda de um psicólogo. “Muitas mães como eu deveriam buscar esse auxílio, que é maravilhoso e, nestes tempos em que estamos vivendo, muitas vezes essencial. Para mim foi muito bom, pois me ajudou a lidar com minha nova rotina, imposta pela pandemia. Portanto, não tenha vergonha de buscar ajuda profissional quando achar necessário. Às vezes não conseguimos resolver tudo sozinhas e nem precisamos fazer isso!”, salientou.

Karina observou que um dos maiores desafios enfrentados por ela na pandemia foi o isolamento social. “Quando o João nasceu, meu sonho era reunir a família naqueles almoços aos finais de semana, todos segurando-o ao colo, a convivência com outras crianças, mas nada disso foi possível. Nem mesmo a festa de um aninho, um marco para todos, tivemos a possibilidade de fazer. E isso acaba gerando uma frustração, porém, a aceitação, embora difícil, teve que acontecer”.

Além do isolamento social, o próprio medo da Covid-19 também deixou a fisioterapeuta preocupada. “Antes de meu marido e eu vacinarmos, temíamos pelo nosso filho, pois saíamos para trabalhar e mesmo tomando todos os cuidados ficava sempre aquele receio. Por conta disso tivemos que privar o João de ter contato com outras crianças, principalmente nesta primeira infância, o que é tão rico para os pequenos”, observou.

A pandemia está proporcionando mais momentos entre Karina e o filho, João. “Esse foi o lado bom de tudo isso”

O LADO POSITIVO DA PANDEMIA

Embora os desafios para Karina tenham sido muitos neste período, há também o lado positivo da pandemia. No caso dela, a principal mudança positiva foi com relação aos horários de trabalho e a possibilidade de ficar mais tempo com o filho, inclusive mantendo a amamentação.

“Se não fosse a pandemia, eu estaria com uma carga horária muito maior no sistema de trabalho presencial, já que antes dela acontecer eu trabalhava nos três períodos. Hoje consigo remanejar com mais cuidado minha agenda na clínica, na empresa de ergonomia, bem como as aulas na UNIP, onde ministro para três cursos de graduação. Tudo isso fez com que eu dedicasse um pouco mais de tempo ao meu filho e, claro, não cessasse a amamentação, um dos grandes prazeres para mim e para ele”, afirmou.

Outra lição que Karina aprendeu na quarentena foi com relação ao trabalho em casa. “Não há como estabelecer uma regra para o home office, principalmente com criança pequena e na pandemia! Aprendi a aceitar os horários do João e não impor os meus. Quando ele quer brincar eu simplesmente paro o que estou fazendo e vou brincar com ele. Nesse momento, este é o trabalho mais importante que preciso desempenhar, até porque não vou conseguir fazer os outros com ele ali, junto, pedindo atenção. Farei quando meu filho me permitir. Essa foi uma grandiosa lição que aprendi neste último ano. Aprender que o tempo do João é diferente do meu”.

Dinâmica, Karina atende pacientes em sua clínica, a Benessere, possui uma empresa de Ergonomia e é professora de três cursos na UNIP Rio Pardo, uma rotina frenética de trabalho que mudou bastante na quarentena

A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO ÀS MULHERES

Embora tenha adaptado horários e rotinas, Karina destacou a importância de seu trabalho em meio à pandemia. “Não deixei e não deixaria de trabalhar por causa da pandemia, bem como por conta da maternidade. É possível conciliar e digo isso por experiência própria. Por isso, acredito que as mães podem e devem trabalhar. O trabalho, além de um momento de realmente desligarmos um pouco do cotidiano, por vezes exaustivo, que a própria maternidade impõe, proporciona prazer às mulheres, pois elas se sentem úteis à sociedade, seja qual for a área de atuação. Além disso as tornam independentes financeiramente e isso lhes proporcionam a chance de não permanecerem em relacionamentos abusivos. Portanto, se há possibilidade de uma mãe conciliar a maternidade e o trabalho, eu recomendo a nunca parar de trabalhar”.

Ela observou, ainda, que as mamães necessitam de muito auxílio e compreensão neste momento de pandemia e que todo apoio é fundamental. “Comecei a reparar como pequenas coisas do dia-a-dia facilitaram minha vida na quarentena, principalmente o delivery e os comércios que se adaptaram a receber crianças. Isso fez e ainda faz diferença na minha rotina, pois otimiza as atividades. Além disso, algumas lojas aqui da cidade estão realmente de parabéns por esse comprometimento com os clientes, inclusive os que têm filhos pequenos como eu”.

Por fim, Karina afirmou que embora a maternidade seja uma situação de plenitude, as mães não podem esquecer que também são mulheres. “Eu mesma posso dizer que esqueci um pouco de ser mulher com a chegada do João, mas hoje, digo que antes de sermos mães, ainda somos mulheres e precisamos nos olharmos, nos cuidarmos, nos amarmos como tais. Tirar um pequeno tempo no dia, na semana para nós mesmas é essencial e fundamental. Melhora a autoestima, a relação em família e nos dá ânimo para enfrentar o dia-a-dia de mães, esposas e profissionais”, concluiu.

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