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Dona “Didi”: 51 anos de trabalho dedicados à Cozinha da Santa Casa

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Sábia, humilde e guerreira, Dirce de Jesus, de 73 anos, representa todas as mulheres neste dia tão especial

Reportagem e texto: Natália Tiezzi Manetta

Ela é a dona de casa que cuida do lar todos os dias; a profissional dedicada de todas as idades; a mãe batalhadora que se orgulha em ter criado muito bem os filhos. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher apresentamos a vocês a dona Dirce de Jesus, mais conhecida como a “Didi”, que contou à reportagem um pouco de sua vida de muitas batalhas e conquistas.

Aos 73 anos, sendo 51 deles dedicados ao trabalho no Serviço de Nutrição e Dietética da Santa Casa (Cozinha), dona Didi possui uma sabedoria popular e uma humildade que encanta a todos que convivem com ela.

Amorosa, dedicada e comprometida, tanto com sua família, quanto com a profissão de cozinheira, ela contou várias histórias deste mais de meio século de trabalho no hospital, inclusive confessou que gosta mais de fazer pratos salgados e que jamais vai esquecer o saudoso Dr. João Batista de Lima, com quem conviveu durante anos na Santa Casa. “Eu levava o mingauzinho que preparava todos os dias de manhã para ele”, informou.

Na vida pessoal, ela disse que se separou do marido e criou os 3 filhos praticamente sozinha com muito carinho e garra. “Deixava-os na creche São Paulo de manhã e quase 18h00 buscava dois deles, segurando um em cada braço e subindo aquele morro. Não tive uma vida fácil, mas sou grata por tudo que tenho hoje e que consegui com o suor do meu trabalho”.

Confira e inspire-se, seja você homem ou mulher, na linda história da vida como ela é de Dona Dirce.

Amor e dedicação no preparo das refeições: Dona Dirce se orgulha em fazer parte da recuperação dos pacientes do hospital

Dona Dirce, como foi sua infância?

Éramos em cinco irmãos, sendo eu e minha irmã mais velhas, e morávamos em uma fazenda. Comecei a trabalhar aos 10 anos, ajudando meu pai na roça. Apanhava café, plantava e colhia algodão. Capinava tudo, fizesse chuva ou sol. Mas isso me ajudou muito nos trabalhos que eu tive depois. Aprendi a me dedicar, não faltar e me comprometer com eles.

E quando surgiu a oportunidade de trabalhar na Santa Casa?

Uma moça que trabalhava aqui estava saindo para se casar e ela comentou com minha mãe sobre o trabalho. Minha mãe disse que poderia ser uma boa oportunidade. Nesta época eu trabalhava como doméstica e pajeava crianças. Nunca tinha cozinhado, mas encarei o desafio. Tinha 22 anos e aprendi tudo aqui no hospital, inclusive com uma amiga, a dona Alice, com quem convivi por muitas anos na cozinha.

Muita coisa aqui no SND mudou desde que a senhora começou a trabalhar. Qual lembrança daquela época lhe marcou?

Quando entrei aqui havia apenas um fogão de seis bocas… Me lembro com carinho da horta. Colhíamos tudo aqui! E também tinham as criações de porco, galinha, pato, coelho. O amigos Cesarino, João, Benedito cuidavam das criações. Depois utilizávamos as carnes e ovos fresquinhos. Era uma beleza aquela horta e as criações…

Em todos esses anos alguma comida que preparou lhe marcou?

Acho que todas que faço até hoje, pois a gente faz tudo com muito amor, né… Mas o mingauzinho para o doutor João Batista de Lima me marcou. Fazia todos os dias para ele de manhã, sempre com uma gema de ovo junto!

Dona Didi junto à equipe de trabalho: respeito e exemplo para os colegas de trabalho

Qual tempero não pode faltar na sua comida e na cozinha aqui do hospital?

Alho e cebola. Esse tempero é a base para tudo aqui.

A senhora mais ensinou ou aprendeu nestes 51 anos de trabalho?

Ensinei muita gente e aprendi com muita gente também. Ensino e aprendo até hoje. Gosto de ensinar o pessoal mais novo, inclusive todos aprenderam comigo a fazer rosca! Mas eu também peço opinião para saber se minha comida está boa, se o sabor está bom. Não é porque tenho todo esse tempo de cozinha que não erro. Errar é humano, né? Mas tento aprender e fazer sempre o meu melhor.

Qual o segredo para permanecer tanto tempo trabalhando no mesmo lugar?

Vontade trabalhar, aprender sempre, gostar do que faz. Cada dia parece que é o primeiro que venho trabalhar. Não parece que trabalho faz todo esse tempo aqui, pois eu gosto muito do que faço. Além disso ignorar fofoca. Em lugar onde trabalha bastante gente acontece mesmo, mas o segredo é escutar e não passar para frente. ‘Entra por um ouvido e sai pelo outro’.

Tem alguma comida que gosta mais de fazer?

Prefiro fazer coisas salgadas. Gosto muito de fazer arroz e feijão bem feitinhos!

O que é o melhor em trabalhar aqui na Santa Casa?

Sou muito grata ao hospital, pois foi com o suor do meu trabalho aqui que conquistei muitas coisas na minha vida, inclusive minha casa própria, criei meus 3 filhos, ajudei a criar meus netos. Sempre que precisei a Santa Casa me ajudou. O melhor é saber que posso, através da minha comida, contribuir para a recuperação de uma pessoa doente. Por isso pretendo trabalhar aqui até quando eu tiver forças!

Agora uma pergunta pessoal: Dona Dirce, é bom ser mulher?

Ah, é bom, mas é sofrido, né minha filha… A mulher tem que dar conta de tudo, cuidar de tudo: é casa, filho, marido, serviço fora de casa. Mulher sofre viu. Digo isso por mim, mas eu gosto de ser mulher. Tenho orgulho de tudo que já fiz e ainda faço.

Amigas e colegas de trabalho há 40 anos: Toninha e dona Dirce – “Didi é muito querida por todos nós, uma grande amiga”, destacou Toninha

A QUERIDA E COMPETENTE DONA ‘DIDI’

Durante a entrevista, dona Didi fez questão de mostrar à reportagem cada espaço da Cozinha da Santa Casa. E por onde passava seus amigos e colegas de trabalho foram só elogios. “Ela é um exemplo. Minha querida companheira de trabalho e todos os dias. Mulher de fibra mesmo”, elogiou dona Toninha, colega e amiga de dona Dirce há 40 anos na Santa Casa.

“Ela é sinônimo de amor, dedicação e respeito no trabalho. Faz tudo quietinha, de uma forma impecável. Tem um controle invejável sobre os itens sempre para não faltar e não desperdiçar nada. Das poucas vezes que faltou foi por motivo de doença ou morte na família. Atenciosa, sempre acata tudo que é passado para se fazer e, confesso, faz uma sopinha de feijão com macarrão de dar água na boca”, disse a nutricionista da SND, Renata Capuano, referindo-se à dona Dirce.

À querida dona Didi e a todas as mulheres, os parabéns do www.minhasaojose.com.br não apenas por este 8 de março, mas pelos demais 365 dias do ano!

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